segunda-feira, dezembro 18, 2006

Eternos amigos rivais




Eis que por umas dessas andanças da vida, esbarram-se dois amigos de longa data, um colorado, o outro, gremista:

- Mas bah tchê! Há quanto tempo?!
- Eu que o digo! Achava que tu nem morava mais por aqui.
- Pois é rapaz, tu vê só como são as coisas. Mas e aí? Continuas gremista doente como sempre?
- Mais certo que a morte! E a tua família fanática, ainda toda colorada?
- Graças a Deus, não temos nenhuma ovelha azul na família.
- Por enquanto, por enquanto...
(risos)
- Mas tu acha que algum guri novo vai querer ser do Grêmio desse jeito, tchê? Eles querem é ser vencedores, colorados!
- Até pode ser verdade, mas o tricolor ainda é grande.
- Grande de que? De dívidas? O que vocês ganharam esse ano?
- Ganhamos o Gauchão, em cima de vocês!
- Putz, aquela foi braba... Mas de alguma forma acho até que foi bom. Acordou o time e o Abel botou ordem naquilo lá. O resto da história tu já conhece...
- Conheço mesmo, meu time já passou por lá bem antes de vocês.
- Olha o museu aí! Vivendo do passado de novo, só isso que restou pra vocês. A gente ganhou a Libertadores e ainda ficamos vice no brasileirão, sabia que a melhor colocação em campeonato brasileiro que um time campeão da libertadores tinha conseguido era a 12ª posição? Mais um recorde pro Inter.
- Não sabia dessa.
- Pois saiba. E ainda fomos campeões do mundo em cima do Barcelona! Que muitos dizer ser o time mais bem montado da história do futebol.
- Ah, isso vocês que dizem.
- Então cite dois nomes de jogadores do Hamburgo de 83.
- ...
- Quem?
- Bom, tinha o Klaus... o Hanz... (risos) tá certo, pode até ser porque eu nem tinha nascido ainda.
- Ah, pobrezinho, nunca viu teu time ser campeão do mundo? Eu já vi o meu.
- Mas não adianta, o Grêmio é muito maior que o teu time.
- Tsc, que papo furado, o mundo é colorado. Vai olhar teu DVD da série B. Primeira divisão sempre!
- Então espera só a Libertadores ano que vem. Soy loco por TRI américa!
- Ah, quero só ver. Tomara que seja a final da Libertadores ainda!
- Quer apostar?
- Uma caixa de ceva.
- Até duas!
- Feito então. Duas caixas de ceva no meu colorado. O Inter me rendeu muita ceva esse ano.
- Ah, essa macacada não aprende nunca...
- Sou macaco sim! Macaco campeão do mundo!! (imitando macaco)
- (gremista se exalta) Então espera!
- (colorado se exalta) E tu já vai preparando pra me paga a ceva!
- AH, É?
- É!
(os dois se peitam)
- AH, É?
- É!
Então nessa hora, surge mais um amigo na roda.
- Aee gurizada! Que andam fazendo?
Colorado: (se encarando) Discutindo futebol e apostando cerveja que o Inter vai ser campeão ano que vem, de novo.
Gremista: Ah, vem com essa, vai ser é o Grêmio.
Amigo: Bah, tchê. Mas esse papo de cerveja me deu uma sede... vamo pro bar gurizada, que tá um calorão danado!
- Só se for agora!
- Mais certo que a morte!

Então foram os três ao bar para conversar sobre carros, festas e pra marcar aquele futebolzinho na quarta-feira. Amigos. Rivais. Eternos amigos rivais. E assim que os times vão vivendo, há cerca de um século...

VIVA O PAÍS DO FUTEBOL!

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Pois é. Escrevi este texto porque apesar de a maioria dos meus amigos serem gremistas, e a corneta pegar direto de ambos os lados, somos amigos acima de tudo. Uma das frases mais inteligentes que ouvi nos últimos meses foi proferida por Vinícius Gottin, que falou o seguinte, em meio a um acalorado bate-boca entre gremistas e colorados: - Vocês são amigos há muito mais tempo do que são "fiéis torcedores".

De fato, Gottin, de fato.

E dá-lhe INTEEEER!!!! hohoho.

O Mundo É Vermelho!

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Descrição do Homo sapiens cerrolarguensis


Descrição do Homo sapiens cerrolarguensis

Espécie de colono (aqui no termo pejorativo da palavra, designando um caipira de origens européias) que habita na região das Missões, no estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente na cidade de Cerro Largo. Sendo uma espécie muito peculiar, possui várias caracterísiticas inerentes à sua cidadania cerrolarguense, que serão descritas a seguir.

Classificação por renda

Primeiramente, todos os espécimes de Homo sapiens cerrolarguensis têm em comum a virtude da ostentação, que se manifesta nos mais diversos níveis. Ela pode ser demonstrada basicamente através do vestuário (tênis principalmente) onde as roupas de marcas famosas (Puma, Nike, Adidas...) são as preferidas em geral. Um segundo nível de ostentação observado pelos pesquisadores são os acessórios (celulares e máquinas digitais são a febre do momento) que constituem também um grupo de maior renda (classificados em dois grupos, a seguir). Portanto, a ostentação realmente é algo notável neste nicho.

Também foi observado pelos pesquisadores as atividades de trabalho e de lazer do Homo sapiens cerrolarguensis. Concluiu-se que a maioria dos espécimes trabalha em empregos classificados cientificamente como "meia-boca", esse grupo possui como atividades de lazer principais a vadiagem na praça, bebedeira na praça, ida a bailes no interior e quando não tem nada pra fazer simplesmente bebem em qualquer lugar. Esse grupo também possui péssimo gosto musical, como sertanejas em geral, bandinhas e outras do gênero. A renda mensal desse grupo não passa de 500 reais por mês (o que já é suficiente para pagar em dez vezes tudo que se precisa para ostentar, no primeiro nível de ostentação).

O restante, que não está classificado no grupo com empregos "meia-boca", possui como atividades de lazer as mesmas do grupo acima descrito. A única diferença é que esporadicamente podem ir a algum evento fora da cidade (o que com certeza será usado para ostentar mais ainda). Esses espécimes, por possuírem uma renda mensal um pouco maior (entre 500 e 800 reais) tentam incrementar sua ostentação utilizando acessórios (pagos em doze vezes com juros), como foi explicado anteriormente. O gosto musical varia entre o sertanejo e o pop, com algumas exceções.

Um outro grupo também foi identificado, por ostentar com bens duráveis de alto valor, como carros e seus acessórios. Porém, eventualmente esse grupo se endivida e acaba voltando pro grupo intermediário, senão para o primário (meia-boca).

Herança cultural

O Homo sapiens cerrolarguensis predominantemente possui ascendentes de povos germânicos. Por essa razão todos pensam que são descendentes de príncipe, o que eleva ainda mais a virtude da soberba, inerente à espécie. Apesar de todo mundo saber que os alemães que migraram para a região não passavam de bandidos deportados da pior laia possível, isso parece não influenciar a aparente "superioridade" local.
Além disso, os indivíduos dessa espécie são na sua maioria gremistas, o que faz com que sejam criaturas ainda mais arrogantes.

Faz parte também da herança cultural o "falar acolonado", que é imediatamente notado em todos os espécimes de Homo sapiens cerrolarguensis, sem exceção. Embora possuam essa pitoresca maneira de falar, não possuem a capacidade de perceber que falam assim, e descaradamente chamam de "colonos" (no sentido pejorativo da palavra) aos verdadeiros colonos (sem o sentido pejorativo da palavra) que trabalham duro no campo para levar comida à mesa dos colonos (no sentido pejorativo da palavra) que insistem em tirar sarro, fazer piada e ridicularizar os colonos. Os atuais jovens habitantes também não falam o idioma alemão (apenas os palavrões), o que é algo, no mínimo, controverso (controvérsia, aliás, que também é forte característica do Homo sapiens cerrolarguensis).

Comportamento em grupo

De maneira completamente bizarra, os círculos de amizade dos espécimes em questão são caóticos, mal-definidos e completamente baseados no interesse (outra característica do grupo). Apesar de parecerem ótimos amigos quando estão juntos, os espécimes observados tendem a falar mal dos outros pelas costas (principalmente os de gênero feminino) e queimar a reputação dos demais (característica da inveja, talvez a mais forte de todas).

Foi também constatado um altíssimo GFG (grau de "fazeção" das gurias). O elevado nível do GFG dificulta qualquer aproximação de outras espécies de Homo sapiens, que já tiveram que migrar da cidade para poder sobreviver. Durante o ritual de fazeção, a fêmea persiste em horas e horas de diálogo inútil e tentativas de demonstração do total desinteresse ao macho (mesmo que esteja muito interessada), eventualmente, o macho desiste (pronunciando palavras que não podem ser escritas aqui) ou obtém êxito (que não impedirá uma outra fazeção no futuro).

Expressões idiomáticas

O vocabulário do Homo sapiens cerrolarguensis em geral é muito pobre, porém, é repleto de manias, dizeres comuns, expressões fúteis, modismos e palavras que só se escuta em Cerro Largo.
Algumas das seguintes expressões e palavras foram constatadas:


EXPRESSÃO/PALAVRA - TRADUÇÃO
- "Não tô apertado." - "tenho dinheiro de sobra."
- "Dilimo!" - "Vencemos de maneira superior", ou "chamamos a atenção de todos na festa"
- "Caxeta" - Estojo
- "Kiboa" - Água sanitária, clorofina
- "Vamo de auto" - "Vamos de carro"
- "Pela madrugada!" - Expressão de espanto, como "minha nossa!"
- "Mas que fase! - Expressão usada para elogiar outra pessoa
- "Trupicar" - Tropeçar
- "Abaralha!" - Usada quando se atira um objeto em direção à alguém, "pega!"
- "Atacar" - Usada para designar a função do goleiro do futebol. "Defender"
- "Bote taura" - "Que legal"
- "Bote loca gata" - Que moça bonita. (note o cacófato na expressão, lo-ca ga-ta)

Essas são apenas algumas das diversas outras que podem ser observadas no dia-a-dia.

Conclusão

Nota-se, portanto, que a peculiaridade do Homo sapiens cerrolarguensis extrapola qualquer comparação com outros Homo sapiens. Apesar dos diversos contrapontos, são um povo muito feliz e de bem com a vida, que sabe aproveitar tudo de bom que ela oferece.

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Gostaria de deixar bem claro que eu, Caio Verídico, nada tenho a ver com essa pesquisa. Apenas expus aqui parte do resultado desse importante estudo científico.
Ah, se querem saber quem realizou o estudo, foi a universidade alemã de Waissfühder, é só pesquisar no Google que vocês acham.

E agora eu vou sair e fazer uma festa porque eu não tô apertado!

domingo, outubro 22, 2006

Música - Chic, chic

Essa é uma pérola da música brasileira. Interpretada pela Kelly Key, eu detestei essa música desde o primeiro momento em que a escutei. Como eu não pude deixar de lembrar de música mais podre do que essa para gravar, acabei gravando. O ritmo original para quem não conhece (se você teve essa sorte) é bem agitado, pegajoso, pop e comercial. Então meu objetivo foi de transformar isso tudo em uma doce e suave balada, como se a música realmente tivesse algo para dizer. Abraço pro meu amigo Arthur que tocou o violão mas não quis fazer backing vocal.
Abaixo colocarei a letra com comentários meus em negrito. Divirta-se!



Caso não consiga escutar a música diretamente no blog, clique aqui.

Kelly Key - Chic, chic (pra começar, isso é título que se dê pra música?)

Ninguém me entende quando eu aumento o rádio (aumentar o rádio?)
A vida que eu levo nego pensa que é fácil (realmente, ela deve levar difícil nessa vida, digo, essa vida)
Ninguém me entende quando eu aumento o rádio (aahh, tá, aumentar o volume)
E fico rebolando na frente do espelho (e ele não quebra sem a maquiagem?)
Ninguém me entende quando eu aumento o rádio (querida, aumentei o rádio!)
A vida que eu levo nego pensa que é fácil
Acordar, lavar, varrer, passar (não necessariamente nessa mesma ordem)
De cabelo em pé assim ninguém me quer
A unha cruz credo né? (que horror!)
Ainda tenho que aturar a família do mané ("mané" é um tratamento carinhoso no RJ)
Faz isso, faz aquilo, nhanhanhanha, o paciência (essa parte tem efeito de rádio na vocalização dela, por isso eu simulei perfeitamente esse mesmo efeito com a mão em frente a boca na minha versão)
Eu deixo tudo limpinho, você bagunça tudinho (como ela conseguiu rimar isso??)
Assim eu não aguento mais
Eu quero ser famosa, ser uma grande artista, gravar
comercial, ser capa de revista (e não é que conseguiu?)
Eles vão ver só quando minha música tocar, vou dar
maior gritão, Ahhhhh (detalhe para o lindo grito na minha versão, que mais parece eu e o Arthur assustando a Kelly Key, pobrezinha)

Eu vou passar batom,
Eu vou ficar bonita,
Segura (eu não quise segurar nada por isso não cantei isso). Eu vou rebolar,vou rebolar, vou rebolar
Eu vou passar batom,
Eu vou ficar bonita,
Segura. Eu vou rebolar, vou rebolar, vou rebolar (vai passar batom e rebolar? Onde ela passou esse batom, imagino...)

chic...chic...chic...chic... (grand finale da música dessa artista maravilhosa).

Detalhe: o efeito especial no início da canção é uma homenagem à cabeça da artista.

sábado, outubro 07, 2006

Música - A Trilha

Bom, continuando a série "músicas próprias do Caio que nunca tocarão na Pop Rock", apresento a música entitulada "A Trilha". A letra fala sobre como às vezes não prestamos atenção aos momentos. Como deixamos de sentir mais profundamente algum sentimento, e como perdemos detalhes ao nosso redor que podem não voltar mais.
A qualidade não ficou das melhores, mas um dia desses ainda vou pra um estúdio gravar um cd.
Um abraço pro meu amigo New Vinny que criou a linha do baixo na música. Fera!



Caso não consiga escutar a música no blog, clique aqui.



A Trilha

Muita gente já deve ter cantado sobre isso
Muita gente já deve ter escrito poesia
Muita gente já deve ter encarado o abismo
Muita gente já deve ter sentido o que eu sinto

Me desculpa se eu estou sendo repetitivo
Mas a luz que entra por debaixo da porta
Não quer me deixar dormir

Cada ruído, cada som parece ensurdecedor
Mas estou sendo redundante
Você já sabe o que é o amor

O amor
Esse sentimento que nos abre o caminho
Que não se sabe onde vai dar
E nem se terá espinhos

Muita gente já trilhou a trilha
Como num trailer de cinema
Como quem canta uma canção
Sem ligar pra letra

Imagens muito rápidas
Pra poder observar
Os detalhes que a vida
Insiste em nos mostrar

Detalhes que eu perdi de você
Detalhes que eu perdi em você

domingo, setembro 24, 2006

Políticos Profissionais


Pare um momento e pense em quantas formas de propaganda política você viu ou ouviu essa semana que o irritou profundamente. Poderíamos fazer uma estatística disso. Ao sair de casa pela manhã, com o que me deparo no portão da minha casa? Dezenas de panfletinhos com fotos ridículas de políticos ridículos, estampando algum número de forma chamativa para atrair a atenção dos votantes.
Pensei eu: "será que esses distintos cidadãos pensam que eu vou votar neles só porque eles sujaram a calçada da minha casa com papel inútil?". Totalmente inútil! Pegue alguns desses panfletos e compare-os. Tente encontrar uma razão para votar em um deles e não nos outros. Agora me diga qual foi a razão.
Que razão teria em um panfleto com uma foto de alguém? Porque ele ou ela é mais "bonitinho" que os outros? Só pode. Não expõe idéias, fatos, muito menos ideologias ou novas possibilidades. No máximo vem algum slogan batido que é usado em toda a época de eleição, com alguma rima idiota com o nome e o cargo eletivo em questão, ou com o número.

Outra coisa que me irrita bastante são os carros de som anunciando propagandas políticas. No máximo eles tocam algum jingle com o objetivo de grudar nas nossas cabeças os nomes e números dos infelizes. E o pior é que conseguem!! Aposto que você saberia cantar no mínimo 2 jingles de candidatos.
Mas novamente, esse tipo de propaganda não expõe nada de construtivo para o povo, que deveria se sentir como massa de manobra cada vez que visse ou ouvisse isso. Eu me sinto. E não voto.

Qual seria a solução pra isso?
Em uma produtiva conversa com dois amigos, chegamos à conclusão de que os políticos deveriam ser profissionais. Exato! Com curso superior e tudo, imaginem, bacharel em ciências políticas. E para ser eleito, deveria fazer concurso público, como qualquer outro funcionário. Aí sim eu quero ver se vai continuar essa balbúrdia.

Se você ainda está em dúvida sobre qual candidato votar nessas eleições, ou nas que se seguirem, faça o seguinte: mande um e-mail para o candidato que você simpatiza mais, e pergunte sobre seu plano de governo, suas idéias para seu mandato, tire suas dúvidas pessoais sobre a vida do cidadão (biografia, currículo, etc.). Se você obter resposta, já será uma grande coisa! Aí então caberá a você julgar o conteúdo dela.

Tentei procurar um plano de governo de alguns candidatos. Mas tudo que achei nos sites foram adesivos para imprimir com o número deles. Esses não vão passar no vestibular da faculdade de políticos...

domingo, setembro 10, 2006

Música - Surprising

Começarei agora a compartilhar com vocês algumas músicas que tenho feito ao longo da minha vida. Algumas são composições próprias, como essa de hoje, outras são gozações totais com músicas que eu acho um lixo.

O título desta é "Surprising", que quer dizer "surpreendente". Vou colocar aqui a letra para vocês acompanharem.

Caso não dê pra escutar a música diretamente no meu blog, clique neste link:
http://www.goear.com/listen.php?v=d53995e



People surprise us all the time
We don't know what to expect and neither what's right

But one thing i know
One thing i know for sure
I just want to be with you

Remember that one time I met you at the cafe
I told I had plans, and how to get there
But just in that moment I realized
That you were becoming part of my life

Woooh surprise, surprise
I knew that I would like

People surprise us all the time
We don't know what to expect and neither what's right

But one thing I know
One thing i know for sure
I just want to be with you

Life's so surprising, emotions to share
You came to me suddenly, show that you care
Open your heart up and let me in there
I promise I'll never get out again

Woooh surprise, surprise
I knew that you would like

sexta-feira, agosto 25, 2006

O Mamute Missioneiro

Mamute da espécie Mammutes Tiarajuensis


Estava eu assistindo um programa de tevê um dia desses, quando uma reportagem chamou-me a atenção. Tratava-se de uma novidade em um museu oceanográfico em Rio Grande: uma enorme e atrativa armação de um esqueleto de algum animal pré-histórico, montado baseado em fósseis descobertos um tempo atrás. Uma grande estrutura foi preparada para que os visitantes pudessem se admirar de tal feito. Ao lado, havia uma lojinha vendendo camisetas e outras bugigangas com o tema do novo fóssil de animal marinho descoberto. Observei ali um lucrativo negócio, uma forma de turismo pouco explorada em nosso estado, e fiquei pensando comigo mesmo: "quem garante que esse animal realmente existiu? Quem garante que esses fósseis sejam autênticos? Quem foi o gênio que inventou isso pra ganhar dinheiro???".

Realmente eu não acredito em paleontologia e coisas do gênero. Sou ignorante sobre o assunto mesmo, e não vejo lucro pessoal em conhecer o mínimo sobre isso. Se o seu trabalho é dedicar a vida a ficar passando de leve uma escovinha em uma rocha, tentando encontrar pêlo em ovo, considere-se uma pessoa infeliz.

Mas vejo uma prospectiva muito rica para o turismo paleontológico. Especialmente aqui, na região das Missões, no Rio Grande do Sul. Essa é uma das regiões mais ferradas do estado, com grande êxodo de pessoas para os grandes centros, sem indústrias significativas, com agricultura falida e com concentração de renda em funcionários públicos e donos de bar (que podem ser a mesma pessoa). Então penso que esse turismo fóssil seja uma boa alternativa para gerar renda por aqui. Alguns dirão: "mas já temos turismo como fonte de renda, olhe as ruínas das missões e a Rota Missões". Para quem disser isso eu condeno uma vida de balconista em loja de roupa ganhando um pouco menos de 450 reais por mês.

PENSE GRANDE!! É óbvio que ninguém se interessa na xaropagem da Rota Missões, que isso está jogado às traças pelos políticos locais, e sem qualquer interesse da iniciativa privada. Por isso sugiro a invenção do MAMUTE MISSIONEIRO. Perfeito! Não temos mar, logicamente só pode ser algo de peso como esse tal parente dos paquidermes como os conhecemos. Aproveitaremos também para dar uma levantada no moral das Ruínas. Diremos que os fósseis foram descobertos no sítio arqueológico das Ruínas, e que sabe-se agora que os povos antigos chegaram a conhecer e até a domesticar os bichos. Imaginem só, Sepé Tiaraju do alto de seu Mamute Missioneiro de guerra, gritando: "Esta terra tem dono!".

Depois é só algum artista rabiscar uns traços rupestres em alguma parede escondida das ruínas e está feito o marketing do novo turismo das Missões. Venderemos camisetas, bonés, brochuras e outras quinquilharias para tirar dinheiro dos turistas. Dá até pra fazer um parque temático mais tarde, se algum visionário investir.

Está aí. A salvação da nossa economia regional! Ah, o que seria desse povo se não fosse eu...

quinta-feira, agosto 17, 2006

domingo, agosto 13, 2006

Somos Todos Doidos em Potencial


O banho é realmente o momento no qual realizo a maior parte das minhas reflexões-sobre-tudo. Acho que a água morna massageando o topo do meu couro cabeludo (eu acho tão engraçado esse nome "couro cabeludo") me ajuda a esmiuçar as grandezas das pequenas coisas da vida.
Foi em mais uma dessas viagens que comecei a pensar sobre o papel de um importante profissional da sociedade: o psiquiatra. Talvez eles ainda não tenham o valor que deveriam ter, mas com certeza daqui a alguns anos eles serão mais requisitados do que outros atuantes da área da saúde. Por que uma pessoa passa vários anos da vida se dedicando a estudar o comportamento da mente humana, algo tão complexo, asbtrato, e até me arrisco a dizer, incompreensível?
Porque não é tarefa simples. Pessoas são depósitos de emoções, traumas, experiências boas ou ruins, que combinadas formam o enigma que fascina esses valentes psiquiatras, psicanalistas e psicólogos também.

Aposto que se você fosse a um psicólogo hoje, mesmo achando que não "é louco", você descobriria algo sobre si próprio que nem imaginava ter ou ser. Porque eu penso que é simplesmente impossível alguém viver uma vida "limpa", sem nenhum trauma (que podem ser leves ou profundos, resumidamente) ou sem algo que tenha marcado de tal forma que influencia no seu comportamento atual.

Eu tenho graves problemas. Vários. Não vou ao psicólogo com medo de descobrir quais são. Seria como levar um Fiat 147 ao mecânico: todos os podres seriam relatados ao dono. Alguns influenciam minha maneira de agir, ou de omitir, mas outros simplesmente estão ali parados, quietinhos, esperando que algum outro trauma os ative, ou que simplesmente desapareçam com uma experiência boa. Não faz bem pensar que sou "normal".

Certamente alguém vai ler isso e vai pensar "mas que bobagem, eu não tenho nada de errado na cachola". Até concordo com a parte da bobagem, mas a segunda não é verdadeira. Problemas psicológicos não são aqueles que vão te levar a tomar tratamento de choque, te internar em um hospício ou fazer com que pense ser Napoleão Bonaparte. Eles estão ali, do nosso lado, no dia-a-dia e nem percebemos. Quem nunca falou pra si esta frase: "por que que eu fui fazer isso?". Pouca gente. Descartando uma possível influência de álcool ou entorpecentes diversos, há uma boa chance de o cidadão ter sido levado quase que instintivamente por algum trauma.

Eu sei que um cara que cursa Administração de comércio exterior não é o mais indicado para falar sobre psicologia. Mas eu compreendo a necessidade dessas pessoas. O mundo está ficando louco mesmo. Um jogo de futebol é motivo de pancadaria? Só pra algum seqüelado que adquire o pensamento de grupo nesse sentido. Psicólogos ajudam a encaixar melhor a pessoa na sociedade e isso é fato. Precisaremos de psicólogos fardados, com viaturas, observando as esquinas das cidades.

Acho que viajei tanto nesse texto que vou mandar ele pra algum psicólogo. Depois eu conto o que ele ou ela achou. Se eu não contar, me procurem no São Pedro em POA.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Conto para fazer você se sentir bem


Ele disse que queria ingressar na política. Ela, foi veementemente contra essa "loucura":
- Se você entrar nessa imundície, é o fim do nosso casamento.
- Sinto muito, minha cabeça está feita, é o fim de um casamento para o começo de outro, meu matrimônio com o compromisso de atuar pela melhora do Brasil.
- Até parece discurso político! Adeus!
- Adeus! Ah, vote em... * BLAM! *

Seguiu solitário sua jornada nesse novo universo. Enfim, tornou-se um notável deputado federal, muito respeitado. Muito respeitado até o dia em que foi pego pela polícia federal em um escândalo envolvendo dinheirodutos, propinodutos e subornodutos mais.

Tendo sua prisão decretada, o delegado responsável mandou um dos novatos da polícia, o Joel, ir buscar o homem. Algumas horas depois, Joel retorna trazendo o parlamentar algemado no camburão. Todos olham impressionados. Ele abre a porta traseira (geralmente este tipo de preso anda até na carona) e tira o sujeito a bofetadas e gritos para fora:- Vamo safado! Sai daí, de pé! Sem-vergonha! *bofetadas e bicudos*
O político, obviamente se sentindo humilhado, retrucou:
- Pare com isso! Eu mereço tratamentos especiais! Sou um parlamentar e tenho imunidade, você já ouviu falar nisso?
- Rá! Tratamentos especiais? Vo te dize uma coisa rapá, tu vale muito menos do que qualquer ladrão de galinha que aparece por aqui! *porradinha no rim*
- Como ousas me tratar assim?
- Cala a boca malandro! *bica* Tu teve todas as chances do mundo pra ser um cara decente, bem-sucedido e respeitado, e acabou fazendo merda! Já o ladrão de galinha é preso por nunca ter tido oportunidade e por isso fez o que fez. Teu crime não tem explicação. Pode ficar tranquilo que eu e meu cacetete vamos te dar bastante "tratamentos especiais" a noite inteira, safado! *tapa na nuca*
- EU TENHO IMUNIDADE!!!!
- Que bom! Se gritá comigo denovo vai apagá hein mano! *tapão na orelha* E outra coisa, claro que eu sei o que é imunidade, eu fiz concurso público pra ser o que sou, ao contrário de você, que vive com treta e malandrage. E eu sei muito bem que imunidade não é o mesmo que impunidade. Rapa pro xilindró!

Todos olham atônitos. Nunca havia acontecido nada parecido naquele distrito. De certa forma, todos se sentiram muito bem com a cena.
Bom, certamente nós sabemos o final dessa história. O safado sem-vergonha não deve ter ficado mais de dois dias preso (em cela especial, que deve ter até tevê de plasma pra essas criaturas) e voltou livre, leve e solto para suas atividades. Mas nunca mais esqueceu do tratamento especial que recebeu do Joel. Passou a ser o político mais sério e responsável de todos os tempos, após esse episódio. Porém, por tentar ser correto, ético e escrupuloso, acabou sendo assassinado em um "assalto". Acontece todo o dia. Nem noticiam mais.

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Descobri algo incrível, gente!!
Estava eu conversando com meu grande amigo Arthur no ônibus pra faculdade, quando me dei conta de uma grande conspiração que ocorreu antes da copa. Pensem comigo: vocês já tinham visto alguma vez tanta promoção do tipo "se o Brasil for campeão, você não paga a última parcela" ou então a mais tentadora "você ganha outra TV de plasma, com apenas mais um real se o Brasil for campeão".
As grandes empresas SABIAM! Sabiam do esquema de que o Brasil ia perder! Aposto que muito maluco comprou a tal tevê de plasma, certo de que iria ganhar outra. UFA! Ainda bem que não comprei. Conselhos de uma mulher, pra variar.

domingo, julho 02, 2006

Revolta!

Brasileiros revoltados destróem ônibus da seleção

Pôxa, e pensar que algumas pessoas têm a cara-de-pau de dizer que o povo brasileiro é um povo passivo, que não reage contra o que acontece de errado com nosso país. Mentira deslavada! Nunca vi tanto protesto, tanta reclamação, na mídia e nas conversas pessoais, contra a vergonha que foi a eliminação do Brasil da Copa do Mundo da Alemanha.
Já estava mais do que na hora mesmo de mostrar que não vamos aceitar essas baixarias!

Engraçado, não?

Ser eliminado da Copa gerou mais indignação do que quando a desordem e o pânico tomaram conta da maior cidade do país este ano.

Gerou mais discussão do que o ridículo crescimento da economia, e a contínua falta de políticas de geração de emprego e renda, assim como a distribuição justa da mesma.

Gerou mais revolta do que a absurda quantidade de impostos que pagamos todos os anos.

Movimentou mais os noticiários do que os recordes que quebramos, e não me refiro aos gols do Fenômeno em copas, mas sim, aos homicídios causados por armas de fogo.

Nos causou mais vergonha do que o rótulo internacional que temos de paraíso do turismo sexual e exploração da prostituição infantil, assim como o ainda elevado índice de analfabetismo, número de crianças fora da escola e sem falar no estouro de corrupção e desvio de dinheiro público que poderia estar sendo utilizado para nos livrar de alguns desses "títulos".

Vi muitos noticiários estampando em letras garrafais ao lado de uma foto do brasil na copa: VERGONHA!

Vejamos então, a gente tira tanto sarro dos argentinos (tiramos muito sarro dos argentinos nessa copa) então vamos nos comparar a eles:

Primeiro, falando de futebol, é notório que eles foram muito mais humildes para a copa, jogaram muito melhor que o Brasil, e voltaram para casa com o apoio e a força da torcida que é muito mais fanática que a nossa.

Agora, o Brasil foi se achando o Hexacampeão, não jogou nada, e deixou uma torcida inteira revoltada.

Segundo, falando de NAÇÃO, os argentinos realmente sabem reclamar quando algo não funciona por lá. Atrasou o trem? Pode apostar que vai dar quebradeira. O Banco fez sacanagem com os clientes? Tacam fogo em tudo. Ninguém brinca com os argentinos.

No Brasil, nem preciso dizer nada, a sacanagem rola solta e a gente ainda acha que vive no melhor país do mundo, afinal, somos "pentacampeões".

TÁ NA HORA DE REVER SEU CONCEITO DE VERGONHA, MÍDIA SEM-VERGONHA!!

Temos muito que aprender com os hermanos. Temos que saber dar o devido valor às coisas. Enquanto ficarem nos programando e ludibriando com 11 bonecos em campo sendo comandados por um retardado, não saberemos o que é certo e o que é errado (além de Cafu e Roberto Carlos na seleção).

Novamente falando dos gringos: a maioria dos meus vizinhos nos EUA possuía uma bandeira americana hasteada na fachada, exibindo o orgulho que sentiam 365 dias por ano. E agora que a seleção canarinho perdeu, toda aquela sensação de patriotismo vai pro lixo. Não verei mais bandeiras nas janelas e sacadas. Dizem que somos patriotas. O escambau!!! Ser patriota de 4 em 4 anos pra mim não quer dizer nada. Isso quer dizer que a única coisa que nos orgulha é o futebol, e agora nem mais isso. Espero que isso sirva para abrir os olhos do povo. Temos que exigir algo que nos dê orgulho todos os dias. Mas como tudo por aqui caminha a passos de formiga e sem vontade, vai ser difícil ter orgulho da pátria amada, idolatrada, salve salve desse jeito...


quinta-feira, junho 22, 2006

Aportuguesando

Pode até parecer estranho para um professor de inglês falar isso, mas, eu realmente acho que a gente podia ter um pouquinho menos de inglês rolando por aí. Para qualquer lado que se olhe há uma chance de 75% de encontrar algo escrito nessa língua. A começar pelo vídeo-cassete que pifou pela décima vez aqui. Ele foi fabricado no Brasil, naquela Zona de Manaus lá (muito famosa, deve ser de qualidade), tem manual em português, menu em português e todas as teclas com legendas em inglês!! Genial!! Por que eu tenho que apertar "play" pra ver um filme? Que raios é "Play"? Como as pessoas hoje em dia já estão acostumadas com isso, ficaria muito estranho traduzir esse famoso botão muito usado nos finais de semana para "tocar" , "rodar" ou "reproduzir". Por isso que eu criei a solução para o problema: PLÊI. Simples, vamos aportuguesar tudo que aparecer pela frente, se não for traduzindo, vai ser apelando pro aportuguesamento mesmo.
Existe até um projeto de lei proposto pelo deputado federal por São Paulo, Aldo Rebelo, no qual ele nos alerta para a invasão de termos estrangeiros em nossa língua. Com os efeitos da globalização, é quase impossível de evitar que palavras de outras culturas (principalmente a americana) se incorporem ao idioma local. Na Islândia, há um comitê formado para proteger a língua oficial dessas palavras. As que não são traduzidas, são "adaptadas" para o Islandês com fonética conhecida pelo povo.
Que tal tentarmos fazer o mesmo com o português brasileiro? Vamos pensar nas palavras estrangeiras mais usadas hoje em dia e tentar fazer uma versão brazuca delas. Para encontrar algumas, não é difícil, foi só eu ligar a televisão e dei de cara com uma palavra bem complicada: "Fusion", é, a propaganda do novo carrinho da Forde. Esse carro poderia se chamar "Forde Fusão". Olha que coisa bonita, duvido que a galera vá pronunciar direito o nome desse carro mesmo. Vou começar uma lista agora, gostaria que os meus queridos leitores me ajudassem através de comentários a elaborar novas palavras aportuguesadas. Vamos "nacionalizar" essas gringas!!

Aí vai:

D.J - O Disc Jockey é muito falado, com a pronúncia de sua sigla em inglês. Mas já andam por aí versões diferentes, são os "Dejotas". Eu gostei, imaginem só uma boate bombando ao som do Dejota Lefo.

Link - O pior uso de link é quando eu vejo alguém utilizando essa palavra como verbo da primeira conjugação, "linkar". Além de parecer pomposo, isso me irrita. Fala "ligar" "corresponder", usa o teu vocabulário, o pá! Sugestão portuga: Nenhuma, banida! Apenas permitido o uso por webmasters e webmonkeys.

Data show - É bonito falar data show, eu sei, e tentador também. Mas já inventaram o "projetor multimídia", que apesar de ser mais trabalhoso de pronunciar, faz a mesma coisa que o dá-show ali. Sugestão portuga: Dataxou. (meio Xuxa, mas fazer o que).

Teen - Eu descobri que a diferença básica entre um teen e um adolescente é a classe social. Resumindo, teen é aquele que vai ao shopping center e toma milk shake, e adolescente é aquele bicho pobre que só dá trabalho e dor de cabeça. Sugestão portuga: Tim (sucesso de vendas de celular amanhã mesmo).

Feedback - Essa é a preferida de 10 entre 10 administradores de empresa! "É essencial um feedback dos coordenadores de departamento". Sugiro o banimento desse termo e a utilização do puro e simples "retorno". Sugestão portuga: Fidibéque (e não joga futebol!).


Vou ficando por aí, tem mais algumas clássicas, mas tá começando A Grande Família, e eu não posso perder. Come on, galera! Pensem em algumas palavras e aportugueseiem parelho!

* Como houve polêmica, vou esclarecer melhor o assunto:

Lógico que não dá pra aportuguesar termos técnicos, isso em qualquer língua, mas o que eu sou contra é a BANALIZAÇÃO do inglês. Se qualquer loja de 1,99 ficar usando nome em inglês, se os pobres põem nome nos filhos inspirados em "inglês", do tipo "Wandernilson", vai virar uma zona essa língua que eu adoro tanto. Se os franceses, que possuem uma língua belíssima e são um dos povos mais desenvolvidos do planeta, proibiram a expressão "e-mail", e chamaram de "courier", por que a gente não pode proteger o português, e o inglês também, diminuindo a dose dos estrangeirismos? Deixa o inglês pros técnicos, estudantes e professores e pra quem é do ramo. É isso que eu quero dizer.

segunda-feira, maio 29, 2006

A Saga de Letralino Musicando

Ele sempre gostou de música. Quando nasceu, o médico que fez o parto escutava música clássica em alto volume, como costumava fazer durante os procedimentos, e ao cantar em voz de tenor as instruções às enfermeiras: "Fóóóórceps! Agora! Eu preciso de um fóóóóórceeeps!" ajudou a trazer Letralino Musicando para o mundo. "É um meniiiiino, nino, nino, ninôôô, lalaralaaa" anunciou o doutor.
Sua criação também envolveu um bocado o mundo musical. Seus pais eram músicos e compositores, que escreviam letras e elaboravam melodias exclusivas para fazê-lo dormir. Nada de "nana-nenê" ou algo do gênero, mas sim letras rebuscadas como a da canção entitulada "O Acalentar Eterno", a qual fazia os pais dormirem antes da criança, que queria bis, proferindo assim sua primeira palavra, seguida de "mais um" e então "parou por quê? Por que parou?".
Mergulhado no mundo musical, mas sem nunca ser forçado por ninguém, Letralino foi crescendo e adivinha só: quis aprender a tocar piano. Incentivado pelos seus orgulhosos projenitores, o garoto mostrou que levava jeito para a coisa e aos 12 anos já era considerado um músico profissional.

Então começou a adolescência. Ah, idade das mudanças, dos hormônios, das espinhas e das bobeiras (não necessariamente nessa mesma ordem). Letralino acaba ficando meio deslocado dos outros grupinhos, pois, apesar de ter boa aparência e ser gentil e educado, Letralino possuía uma estranha mania: falar através de letras de músicas. Era quase irritante. Se não fosse uma estrofe musical, seria uma frase famosa de algum artista. Sempre ao devolver algo que tivesse pego emprestado, ele diria "brigaduu", só para dar um exemplo. Ele nunca disse "parabéns" na data de aniversário de alguém, o aniversariante teria que escutar uma versão completa de "Parabéns Pra Você", e se fosse uma pessoa mais íntima ele já emendaria "parabéns, parabéns, saúde, felicidade, que tu colhas..." até o final. Sempre havia uma letra para cada ocasião. Em velórios sempre daria os pêsames proferindo "marvin, agora é só você, e não vai adiantar, chorar vai lhe fazer sofrer" apenas substituindo "marvin" pelo nome da pessoa que perdeu o ente querido.

Muitas vezes essa mania o causou problemas. Certa vez, foi a uma festa, tomou todas e levou um fora de sua musa inspiradora. Acabou dormindo em um banco na praça, e ao ser acordado pelo guarda, vocês já imaginam: "seu guarda eu não sou vagabundo, não sou delinqüente, sou um cara carente..." mas o oficial achou que ele estava de sacanagem e o fechou no xilindró. Ao sair de lá, desolado da vida, cantava baixinho: "o que é que eu vou fazer com essa tal liberdade? Se estou na solidão pensando em você...".

Passada a adolescência, Letralino acabou conhecendo uma moça, e tornaram-se namorados. Ela achava a mania dele algo muito romântico, pois sempre ouvia coisas bonitas e frases que a faziam suspirar, enfim, foram feitos um para o outro. Ele tornou-se oficial de justiça, e passava os dias citando pessoas, penhorando coisas e cantando "Eu confisco! Eu confisco! Eu sou da lei seu trouxa, eu confisco!". Mas um dia as coisas começaram a ir mal entre o casal. Letralino não falava mais as lindas estrofes, nem a impressionava mais. Talvez fosse culpa do terrível cenário musical do momento. As declarações de amor ao estilo "você é algo assim, é tudo pra mim" transformaram-se em "vem tchutchuca linda, vem aqui com seu pretinho", "vou te dar muita pressão" e "vou te agarrar, sei que você vai gostar".

Foi o fim do casamento que durou 6 anos. Triste da vida ele cantava "ser corno ou não ser, eis a minha indagação". Afundou-se na bebida. Ninguém aguentava mais ouvir ele dizer "garçom! Aqui nessa mesa de bar..." até a noite em que por essas bebedeiras, atravessou-se na frente de um automóvel, e em um último reflexo gritou ao melhor estilo Zezé di Camargo: "PARE!" e foi arremessado a 20 metros, aos 30 anos de idade.

Em sua lápide, estava sua última mensagem: "é tão estranho, os bons morrem jovens..."

Moral da história: música ruim é prejudicial à saúde. E muito.

domingo, maio 14, 2006

Plágio!!

Evo Morales, eu acuso você de plágio! Você está copiando meu plano de carreira política e eu não ganhei nem um hidrocarboneto por isso.
Vou explicar o ocorrido: esse que vos escreve sempre sonhou em ser político desde o segundo ano do ensino médio. O processo ocorreu lentamente da noite pro dia. Quando eu contava isso para alguém, sempre ouvia como comentário coisas do tipo "tu é louco, político é tudo ladrão", "poder corrompe", "vai se sujar comigo" e também outras do tipo "consegue uns incentivo pra minha empresa", "tá ligado nos 15% né?" e por aí vai. A maioria repudia instantaneamente essa minha idéia. Não me preocupei muito com isso, mas fiquei pensando como faria para chegar ao poder máximo sem ter que apelar para meus incríveis atributos físicos (porque aí me ferraria de vez mesmo).

O negócio foi usar a tal da lógica, e comecei a pensar (sem brincadeira). Comecei a analisar algumas carreiras políticas que tiveram sucesso e comparei com algumas carreiras frustradas. Descobri uma diferença básica, que determina o futuro de um homem público no Brasil: quem entra no jogo, ganha, quem luta contra, é deixado de lado. Tá aí o Lula, maior prova disso. Quando ele lutava contra o "jogo" fazendo suas campanhas chutando o balde, sempre perdia. Quando ele finalmente entrou na dança, foi aceito e eleito. Já o Enéas, Zé Maria, entre outros, que lutam contra tudo e todos (podem até ser desonestos, honestidade é o de menos) sempre se ferram bonito até nas pesquisas de opinião.

Baseado nessa simples e funcional lei que eu descobri sozinho, construí meu plano de carreira. Seria basicamente assim: começaria como um político normal desses, que usa o pretexto de ser jovem pra ganhar alguns votos para vereador e agiria sempre de forma dinâmica-conservadora para dar a impressão de que sou uma boa promessa que não oferece riscos aos grandes donos do jogo. Após isso, começo a escalada política, e inevitavelmente, as maracutaias políticas começam a me cercar. Preparado para tudo isso, e não querendo sair fora do jogo, eu aceito e pratico tudo que é maracutaia discreta, dou vantagens, recebo "honorários", abuso do auxílio-combustível e do auxílio terno-Armani, controlo caixa 2, 3, 4 se for preciso e nego veementemente qualquer acusação dirigida a um colega ou contra mim. Perfeito, me encaixei como uma engrenagem então. O povo enxergaria em mim uma ponta de esperança de que alguma coisa mudaria, e mesmo votando sem esperar muito (já me achando um desses políticos) confirma o voto me dando a vitória. Todos os meus comparsas de partido estariam satisfeitos, olhando preços do novo iate ou mansão em Miami que vão comprar após eu assumir a presidência e o baile segue normalmente. Seria depois de tudo isso, a grande jogada política, o "golpe" seria aplicado, ganharia apoio dos generais, brigadeiros-do-ar e outros altos oficiais do exército, aeronáutica e marinha e esquadrilha da fumaça. Até o dia que então, de repente, o político comum que nem causou agitação no mercado com sua eleição muda drasticamente de face. Tal qual fez o Evo Morales! Copiador! Ele sabia que um índio nunca chegaria ao poder porque poderia prejudicar os interesses dos espanhóis que controlam seu país. Agiu como quem não quis nada, e agora age como quem quer tudo. Só que eu decretaria ditadura, dissolveria o senado, o plenário e toda aquela zona de Brasília. Estado Novo 2 - a missão.

Claro que isso só prejudicaria os corruptos. Fiquem tranquilos porque não vou meter a mão nas suas poupanças (sem malícia por favor) ou controlar e censurar a sociedade e a mídia (se bem que deixaria uns caras de olho na Globo). Mas que colocaria para fora toda a cachorrada desse país, isso eu faria. Nacionalizaria PARELHO, iria incentivar a pesquisa nuclear e desenvolvimento da bomba atômica (pra assustar os gringos, posso até mentir que tenho a bomba, como os russos fizeram na Guerra Fria), decretaria o calote internacional, seria o fim do déficit nominal no Brasil e a liberação dos recursos para o povo, que pagaria menos impostos, consequentemente. E reinaria absoluto durante uns 15 anos até reestabelecer lentamente a democracia que seria regida pelo parlamentarismo e decretaria a minha nobre linhagem Souza como a família real (gerando então uma família real de 30 milhões de nobres). Resultado de tudo isso: Brasil potência mundial.

Se você acha que foi loucura o que eu escrevi, considere que eu tinha 16 anos quando pensei nisso. Mas é melhor decorar o que eu escrevi porque seus filhos vão pedir ajuda com o tema de História e você tem que saber explicar a era "Carlos Felipe Veiga de Souza - o Grande".

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E conforme eu falei na publicação sobre o "Tempo da minha cabeça", estou aqui para registrar que o período de um mês posto sob análise passou tão rápido que eu achava que só precisaria comentar de novo sobre o assunto daqui a um bom tempo. Enganei-me.
Abraços para todos, e por favor não leiam "Chaulin - o mau" para não diminuir sua massa cerebral. Boa semana.

domingo, abril 23, 2006

Globo e você: tudo a ver... (com RJ e SP)

Até rimou o título acima se você ler com boa vontade. E é uma rima bem irritante não acham? É impossível não assistir à TV Globo sem se cansar de ouvir sobre RJ e SP, não necessariamente nesta mesma ordem. Mas durante a semana até que vai, porque eu mal assisto televisão mesmo. O problema é no final de semana. Para reles mortais como eu que não possuem uma antena do tipo SKY ou Directv (só para não ter mais canais para ficar passando sem achar nada pra assistir, sabe?) ter que sucumbir à Rede Globo é algo inevitável. A situação piora se você é um amante do futebol. Seu time gaúcho do coração vai jogar, você liga a televisão animado para ver a partida e de repente, se depara com Flamengo x algum time qualquer, ou então Corinthians x algum time qualquer. E eles fazem questão de não passar time gaúcho na Globo. Mesmo que o idolatrado Corinthians jogue contra o Grêmio, por exemplo, eles não transmitem. Deve ser para evitar o vexame nacional caso um time deles perca, como aconteceu.

Deixando o futebol de lado, vamos pensar um pouco na programação de Domingo. Isso mesmo, a primeira coisa que nos vem à cabeça é "Domingão do Faustão". Preciso comentar isso? Programa chato, ridículo, feito por um apresentador que não tem mais nada de interessante para dar ao público brasileiro, que tem como atrações principais Banda Calypso, Bruno e Marrone e grupos de pagode mela-cueca. Convenhamos, a única coisa que me atrai na hora do Faustão é quando começa as Vídeocassetadas. Não sei como eles competem com o GUGU ainda, porque a audiência é um fator diretamente ligado à proporção de carnes à mostra, ou seja, nisso o Programa Legal ganha até do Canal do Boi.

Quando eles tentam fazer algo que seja mais interessante, como por exemplo, abordar questões sociais ou científicas (nota do autor: o Fantástico conseguiu estragar o Mythbusters) tudo é voltado para quem?? Exatamente. Cariocas e paulistas.
Cansei dessa bobagem. Não que eu seja um alienado, que não se interessa pelo que acontece em outros lugares. Mas é que o único lugar que eu não vejo comentado em cadeia nacional é o meu! Daí a gente pára pra pensar um pouco, o que somos para o resto do Brasil? Acho que o Brasil não vai com a nossa cara. Nossa música não sobe pra lá, enquanto música até do Pará invade as rádios gaúchas. Somos discriminados até politicamente. As vantagens vão todas para o "eixo do mal".

Imaginem só se o núcleo da comunicação fosse gaúcho. Que maravilha seria hein? Teríamos aos domingos programas como o "Domingo TRI Legal" apresentado pelo Mano Lima. Na Globo gaúcha poderíamos ter o "Domingão do Felipão", apresentado pelo ex-técnico da seleção brasileira. Talvez até um Talk Show, do tipo "Programa do Gaúcho da Fronteira" e nos programas esportivos falar exaustivamente sobre Internacional, Juventude, XV de Novembro e um pouquinho do Grêmio também, apenas dando breves notas sobre os outros times do país. As novelas aconteceriam todas em Gramado e Canela, cenas no litoral seriam apenas em Torres, pra não fazer feio contra os litorais magníficos do resto do Brasil. Enfim, seria um mundo melhor. O Correio do Povo seria o jornal mais lido nacionalmente, e FRUKI o refrigerante mais vendido. A música gaúcha apagaria o funk e o calipso do mapa. Todo mundo seria fã do Tchê Garotos, e o Papas da Língua finalmente alcançaria seu sonho de ser conhecido fora do Rio Grande do Sul.

O fato é que somos muito diferentes. E isso é nossa nação. Um monte de gente diferente sob a égide de dois estados. Me desculpem meus amigos paulistas e cariocas mas, "Ôrra meu, isso é muita sacanagem, exxtou cerrto ou naum?"
Ainda bem que o Ronaldinho Gaúcho é gaúcho, assim eles lembram que o melhor do mundo veio do melhor do Brasil. Agora dá licença que eu vou assistir ao Altas Horas Crioulo, com Neto Fagundes.

Boa semana a todos.

terça-feira, abril 11, 2006

Tempo, tempo, tempo da minha cabeça

Einstein era incrível. Ele conseguiu fazer uma teoria que mudou a visão do mundo no que se relaciona a espaço-tempo. Sem falar na relação direta da matéria com energia. O cara era um gênio. Mas como ele mesmo afirmou na Teoria da Relatividade, tudo depende de um certo ponto de vista, do observador em relação ao objeto analisado, afinal, tudo é relativo.
Essa é uma verdade inalterável, que pode ser afirmada por provérbios populares, do tipo "O que pode ser bom pra você pode não ser bom pra mim", "pimenta no olho dos outros é refresco", "a fome é o melhor tempero", "Há males que vem pra bem", e por aí vai. Todos afirmam de alguma maneira que sob uma determinada perspectiva a mesma situação pode ter dois julgamentos ou mais.
E é assim que somos o tempo todo. Somos relativos. Quem nunca foi a alguma festa que achou ótima, ao passo que outra pessoa que foi à mesma festa a achou péssima? Mais um exemplo: se todos fôssemos responder com sinceridade a pergunta "como vai?" as respostas seriam as mais variadas, pois nem todo mundo vai "bem, obrigado".

Ultimamente tenho tido uma sensação em relação ao tempo. Anos, meses, semanas, dias, horas e minutos parecem estar voando! Venho perguntando isso a algumas pessoas no dia-a-dia, e quase sempre a resposta coincide com minha opinião. Mas por que isso? Parece até que alguns cientistas malucos andaram pesquisando sobre a rotação da Terra, para verificar se o tempo estava realmente passando mais rápido, ou seja, o planeta estaria girando mais rapidamente. Duvido muito. Acho que isso é tudo relativo. Nossa vida está em alta velocidade, a todos os momentos. Pense nesta máquina que está à sua frente. Você se comunica com seu amigo que está em outro continente em questão de segundos. Antigamente, você mandaria uma carta através de um mensageiro e se ele chegasse vivo no destino a sua mensagem seria transmitida, e muito tempo depois seria respondida. Uma viagem para outra cidade, de digamos, uns 120 km de distância; atualmente, isto leva uma hora e meia, dependendo do motor e do pé que o comanda, uma hora ou menos, talvez. Antigamente isso seria uma aventura, leve mantimentos!

Talvez todas essas coisas que tornam nossa vida mais rápida nos dêem a sensação de que o tempo voa. "Tempo é dinheiro", já dizia o capitalista. Para ele, quanto mais rápido passar o tempo, melhor, mais dinheiro. Todos queremos dinheiro.
Há coisas que fazem diminuir o ritmo da nossa sensação de tempo. Por exemplo, a ansiedade. Já encomendou alguma compra que você desejava faz algum tempo? Ela leva uma eternidade para chegar, mesmo que a "eternidade" seja uma semana. Ao contrário daquele trabalho que foi dado pelo professor da faculdade com o prazo de 2 meses, que sempre quer os trabalhos com muita urgência. Temos diferentes idéias para cada situação.

Quero saber de você. Qual é sua sensação de tempo atualmente? Pode pensar no seu dia-a-dia ou então nesse feriadão que está terminando. Pode dizer sua sensação nesse exato momento, tipo: "o tempo tá passando muito lentamente porque esse texto chato não termina nunca". Só para dar um exemplo. Caso queira desabafar algo que necessite privacidade, pode ser por e-mail. Daqui a um mês eu volto a falar sobre esse assunto e dizer o que achei desse intervalo entre estas publicações tão relativas. E vamos pra mais uma semana, pois uma coisa é certa: o tempo não pára.

domingo, abril 02, 2006

Mundos Diferentes

A primeira coisa que pensei quando avistei Porto Alegre à bordo do avião que se aproximava da cidade, depois de ter passado dez meses nos Estados Unidos, foi: "Putz, que cidade mais feia!". Foi quase sem querer. Meio espontâneo, por assim dizer, mas mesmo assim não pude deixar de me surpreender com o fato de ter acabado de achar minha cidade natal (que sempre considerei uma das capitais brasileiras mais organizadas) um lugar feio, sujo e bagunçado.
Estranho se sentir assim. É como se tivesse ido visitar a casa de um amigo muito rico, e ao voltar para a minha, achá-la suja e inferior. Coisa inédita na minha vida, tentei achar um porquê.
Indiscutivelmente, os Estados Unidos são um exemplo de organização e limpeza urbana (abordando aqui somente estes aspectos mais visuais) e por isso as cidades de lá, mesmo as menores towns de interior, são todas muito bonitas, tudo parece funcionar, todas as ruas e vias são asfaltadas e limpas. Não dei muita bola para meus pensamentos e continuei contando os segundos que me separavam de ver meus pais novamente.

Foi então que uns meses depois, fui para Porto Alegre. Passei quase um mês lá, fazendo um curso de treinamento de professores de inglês, que foi muito bacana, e fiquei esse tempo no apartamento de um ótimo amigo que me aguentou sem muitos problemas. Porém, mal tinha eu percebido que estava deparando com a realidade novamente. A primeira coisa que chamou-me a atenção foi realmente a sujeira que havia reparado do avião. Após isso, lembrei-me da existência da miséria, dos pedintes, dos moradores de rua, dos carroceiros, dos camelôs e de outras coisas que eu não via há mais de um ano. Fiquei indignado. Aí lembrei também de que já não me indignava com essas coisas no passado, costume talvez. E seguia minha vida segurando forte a mochila e escondendo o celular e a carteira da maneira que pudia. Resumindo, adaptei-me ao que chamam cruelmente lá fora de "Terceiro Mundo".

"Terceiro Mundo"? Alguém já parou pra pensar no que essa definição quer dizer? Estudamos isso no colégio, e aprendemos que existe também um "Primeiro Mundo" e continuamos a aula de Geografia sem dar muita atenção a esses termos.
O fato é que, através dessas denominações de mundos, estamos sendo planejadamente e inconscientemente SEGREGADOS. E essa também já é uma ótima lição para racistas, e outros preconceituosos de qualquer natureza. Antes de se achar superior a alguém por razões de raça ou de credo, lembre-se de uma coisa: você está na MERDA como todo mundo. Você está segregado, ridicularizado no exterior, e vivendo no PASSADO. Essa foi também uma das impressões que tive ao voltar para o Brasil, de estar voltando no tempo. Renato Russo canta em um dos versos da música "Que País É Esse":
"Terceiro mundo se for piada no exterior..."
Não poderia estar mais certo. Só pode ser piada! E das mais sem graça, daqueles que só quem conta dá risada. Se você acha que não, passe um tempo no Primeiro Mundo (ou no futuro, como gosto de dizer) e se você não ouvir nenhuma pergunta ridícula do tipo "existem carros no Brasil?" ou então "tem computadores lá?" ou até mesmo essa, que nunca esqueço: "você mora na floresta?" aí talvez você não tenha conversado com um nativo ainda.

É triste, mas é verdade. Sei que muitos dos que lerem aqui vão pensar que é besteira o que estou falando, mas o Vectra 2005 do seu pai seria um carro popular lá em cima. A televisão 34 polegadas que você tem poderia estar na casinha do cachorro de qualquer americano. Aquele celular que você pagou os olhos da cara para poder impressionar os outros é dado de graça desde que você assine o serviço por um ano. O computador de última geração que você trabalhou duro para comprar não chega aos pés de qualquer notebook no futuro. Você não tem ar condicionado central na sua casa. Você não viaja de avião com a facilidade de quem viaja de ônibus aqui no passado. Enfim, você não tem a vida boa que você mereceria! Isso só acontece no outro mundo. Aquele onde é difícil de entrar, aquele onde você sempre vai se sentir um estrangeiro. Aquele onde você vai ficar longe da família e dos seus amigos.

Pensem um pouco nisso. Como faremos para chegar no primeiro mundo? Eu gostaria muito de ver todos os meus amigos comprando seus carros próprios aos 19 anos e carregando seus laptops para lan parties e sempre com dinheiro de sobra para a cervejinha. Um estudo foi publicado por uma fundação de economia da Inglaterra, que dizia que, no ritmo em que o Brasil se desenvolve, chegaremos ao nível de país desenvolvido dentro de 432 anos. É um pouco demais do que eu esperava, não sei vocês, mas eu acho que não estarei vivo pra ver isso.
Não dei a mínima pra esse estudo desses gringos, pois eles nos segregam e querem nos manter assim por um bom tempo, nos condicionando com projeções ridículas de visão atrofiada.

Não posso fazer muito para mudar essa diferença entre "mundos" tão rapidamente. Mas uma coisa eu digo para você, caro leitor, que se você deseja viver no mundo que merece, comece a mudança por você mesmo. Não adianta querer consertar o que tá errado ao redor. Tem que consertar a si próprio. Ajuda pra caramba. Mesmo nas menores coisas, como não jogar sujeira pra fora do carro, colocar no bolso o papelzinho do chiclete se não tiver uma lixeira por perto, e não dar trela pra algum palhaço que acha legal pichar um muro ou depredar coisa pública. É a partir daí que vemos diferença, de dentro pra fora. Então comece agora mesmo, apenas continuando sua vida, porém com a idéia na cabeça de que não quer ser mais segregado, privado das coisas boas, das tecnologias, das facilidades de que todos somos merecedores. Esse é o nosso passaporte carimbado para o primeiro mundo. Eu vou, e você?

domingo, março 26, 2006

Especial de Aniversário

Êêê! Assoprem o bolo e preparem as velinhas, pois essa semana é muito especial. Para os que não sabem, uma data importante se aproxima, o aniversário de uma pessoa magnífica, extraordinária, querida, linda e inteligente: Cleusa Specht Rech! Dia 29 de Março, não esqueçam, pois ela merece todos os parabéns do mundo (e eu nem estou tentando ganhar aumento). Mas é isso aí mesmo, tem gente que anda dizendo que meu aniversário é no dia 28, e que eu devo pagar uma caixa de cerveja e toda aquela baboseira de aniversário, mas em verdade vos digo: dia 29 de Março, é niver da Cleusa! Chorem caixas de ceva pra ela, não pra mim! Dá mais lucro importunar o chefe ou o coitado do empregado? Isso mesmo, concordo. Sendo assim, fica combinado, a data que importa é dia 29. Nem vai ter 28 esse mês. Sério, parece que é mais algum problema da alinhação de dois planetas: Mercúrio e Plutão, o famoso fenômeno conhecido como "Mercurião". Isto vai afetar a rotação da Terra, fazendo desaparecer o dia 28 de Março.

Estando todos informados sobre isso, apenas deixo para vocês uma lista de julgamentos, preconceitos e pensamentos soltos que eu mesmo elaborei, baseado na minha própria opinião. Abraços a todos, e até semana que vem.

Lista de Julgamentos:

- Harry Potter fede, se você gosta dele, você fede também.
- O Grêmio voltará para a segunda divisão, de onde nunca deveria ter saído.
- O Acre deve estar vivendo em 1923, por aí.
- Que raios aconteceu com ICQ?
- É incrível, mas sei meu número de ICQ de cor, as vezes o confundo com meu RG.
- Os Normais deveria voltar pra tevê.
- FRUKI é o melhor refrigerante do mundo.
- Pum fedorento.
- Fazia muito tempo que eu não via uma carambola.
- Falta reencontrar ariticum.
- O Brasil tá se achando muito pra essa Copa do Mundo. Tomara que perca na final. Para Costa do Marfim.
- Se você não entendeu o item "pum fedorento", aquele foi um pensamento solto.
- O astronauta brasileiro que vai pro espaço vai entrar para a história como pioneiro.
- Grande coisa, nosso governo manda os brasileiros pro espaço há muito tempo e ninguém foi reconhecido.
- O Pelé deveria calar a boca para sempre.
- Sílvio Santos para Presidente!
- Quem inventou o comercial da "Bamboocha" deveria ser pendurado pelos testículos e afogado no rio Tietê.

Por hoje é só. Não esqueça de escovar os dentes antes de dormir, e se beber, não dirija!

domingo, março 19, 2006

I Wanna Be A Pagodstar

Desde de que comecei a escutar música, sendo influenciado por amigos, primos, e por uma maravilha da tecnologia chamada mp3, fui indo para o caminho do rock. O som desse ritmo sempre me atraía. O virtuosismo das guitarras, as letras que quando não xingam meio mundo falam coisas sem sentido, e o fato de estar "sendo diferente" são alguns dos pontos que atraem muitos adolescentes cabeças-ocas que vão tentar ficar velhos sendo fiéis ao rock mas cedo ou tarde percebem que aquilo não tem mais graça nenhuma.
Bom, meu caso é diferente. Claro que fui influenciado pelos fatores acima, e pelo fato de ser em inglês também. Mas a diferença é que daí eu comecei a tocar violão, sonhando em ter uma guitarra um dia. Sim, eu achava que poderia tocar guitarra um dia. Na verdade sempre fui um frustrado com as cordas, pois não evoluo nesse instrumento já faz 4 anos. Mas como eu ia dizendo, o rock seguia sendo minha tendência e eu estava determinado a fazer disso algo mais, com uma banda! Se não pudesse ser famoso seria um hobby legal, ao menos. Desde então tenho tentado ser reconhecido de alguma forma através da música. Nunca deu certo. Aí eu percebi que essa não era minha praia. Mas qual seria então?

A resposta veio em forma de 2 dvds: "Revelação ao vivo" e "Inimigos da HP".
Claro!! Como eu não tinha percebido antes? Rock não tá com nada! Por que eu passaria minha vida tentando fazer de um ritmo gringo invasor da nossa cultura algo produtivo? Por que eu faria música para atrair um monte de "bolas" para ficarem sacudindo a cabeça, fazendo rodas punk e se chapando no meu show? O negócio é tocar pagode! Atrair um monte de mulheres (é só olhar qualquer dvd de pagode e você vai entender do que estou falando) e botar todo mundo pra dançar com um ritmo puramente brasileiro.

Mas agora não perderei mais tempo. Concentrarei todas as minhas forças no pagode. Já tem até uma galera pra fazer uma banda. O problema é que o mínimo de integrantes indicado para uma banda de pagode é 15 membros e algumas dançarinas. Somos quatro, por enquanto, mas com muita vontade! Qualquer sugestão para nomes são bem-vindas, e como eu quero fazer sucesso, já vou avisando: quanto mais ridículo o nome melhor. Estou em dúvida entre "Toque Sensual", "Só Preto, Sem Preconceito" ou então "Magia Marota". Fiquem à vontade para manifestar sua preferência entre estes nomes em forma de comentário.

Agora sim, eu vou fazer sucesso! Não quero mais ser Rockstar, I Wanna Be A Pagodstar. Hey mãe, eu tenho um cavaco elétrico...

domingo, março 12, 2006

O Urutau

A pacata cidade de Vale Estreito havia recebido um visitante muito ilustre. Todos iam à praça para admirá-lo, procurá-lo entre os galhos das árvores, e as crianças brincavam de quem encontrava o estranho pássaro primeiro. Tratava-se do Urutau, uma estranha ave que se parece com um galho ao ficar paradinha entre as folhagens. Apareceu até no jornal, todos adoravam o bicho, parece até que recebeu a chave da cidade. Modificaram o hino do município, para adicionar um verso enaltecendo a "majestade Urutau", adicionaram-no na bandeira local e o slogan turístico também foi alterado, agora era "Vale Estreito, lar do Urutau". Todos abraçaram a identidade nova, só o nome da cidade não foi trocado porque causaria muita confusão no mapa, correndo o risco de o Urutau sair de viagem e não achar mais seu lar no mapa para o retorno.
Certo dia, Nina foi até a praça. Era uma menina de 11 anos, com suas amiguinhas, e como era de costume, foram espiar entre as árvores para ver se encontravam o "Uruta". Chegaram alguns meninos logo em seguida, e juntos encontraram o bicho, até que os meninos começaram a desafiar as meninas para ver se elas tinham coragem de atirar uma pedra nele. Depois de algumas provocações, Nina se irritou e juntou uma pedra para mostrar que não era boba. Tacou a pedra com força e acertou em cheio o pássaro, que se estabacou no chão da praça. Saíram todos correndo, menos Nina, que mal acreditava no que acabara de fazer. Alguns cidadãos viram o ocorrido, e correram para acodir a ave e para xingar a menina.
Nina foi para casa e seus pais já sabiam de tudo. A vergonha era demais para a família, andavam de cabeça baixa pela rua. Sua filha era uma delinqüente que não se importava com os valores da sociedade. Foi expulsa da escola, a diretora disse que não poderia aceitar alguém capaz de fazer tamanha barbaridade. Foi a julgamento. O maior que a cidade já viu. Nem sequer foi questionado o fato da ré ser menor de idade, era culpada antes mesmo de revelada a sentença. Foi isso que aconteceu. Após algum tempo de trâmites judiciais, o caso foi para a mais alta corte do país. Em cadeia nacional, a nação parou, aterrorizada com a notícia. Havia movimentos para a pena de morte, a extradição, despatriação e tudo mais que livrasse a sociedade da escória humana que representava a menina de 11 anos.

O veredicto foi o pior possível. Não era execução, nem expulsão do país, nada disso. A única maneira para fazê-la pagar era marcá-la para sempre. Todos saberiam do seu terrível passado pelo resto da vida. Nina cresceu sem poder arranjar um emprego, sem conseguir estudar, sem nenhuma relação afetiva e ignorada e rejeitada por todos. Nenhum país a acolheria, seria mal-vinda onde quer que fosse.

Não foram necessários muitos anos para que Nina morresse. A rejeição total a matara lentamente, sem compaixão nem perdão de ninguém, a moça definhou até seu fim.

Morais da estória: Ninguém vive totalmente independente (principalmente se você tem 11 anos); as consequências de um ato impensado podem ser avassaladoras; e nunca jogue uma pedra no Urutau mais próximo de você (bodocassos também estão vetados).

Ah, o Urutau nem tinha morrido, só machucou a asa esquerda. Se você quiser imaginar que a ave morreu ao ser atingida, eleve as consequências sofridas por Nina ao quadrado.

Agradecimentos a minha amiga que inspirou a publicação dessa semana, não vou dizer quem é pois algumas pessoas poderiam pensar que ela tramou contra a integridade física do Urutau, o que não é verdade, pois ela apenas queria colocá-lo numa gaiola para cobrar das pessoas que quisessem vê-lo ao invés de ficar olhando para cima como tontos na frente da igreja. Muito obrigado.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Conto Urbano I

Joana estava felicíssima. Mal podia esperar para contar a novidade. Pegou seu celular com câmera para mandar uma mensagem para sua melhor amiga, Fernanda: "conxigui migaa!! fikei com o markinhuuu, ai q sonho, amanha ti contu na aula, bjuxx". Fernanda ficou feliz pela amiga, pois sabia que "Markinhuuu" era tudo que ela queria, já que ele era o rapaz mais rico da faculdade, usava roupas de marca, tinha tudo do bom e do melhor e seu pai era um conhecido homem de negócios. Fernanda sabia que sua amiga se interessava muito nas aparências, e porque não dizer, era até um pouco interesseira.
No dia seguinte, encontraram-se as duas. Joana dava pulos, e contava com detalhes como tinha sido o passeio no Audi 2006 de Marquinhos e o jantar no restaurante chique logo em seguida. Aquele papo de mulher, sabe? Fernanda escutava como uma boa amiga, mas no fundo sempre achava que o rapaz só estava "curtindo" e que não queria nada sério com Joana. Alguns dias se passaram, os dois continuaram saindo juntos, e para surpresa de Fernanda, sua melhor amiga estava namorando.

Foi então que as duas amigas começaram a perder um pouco de contato. Obviamente, o casal queria estar o máximo de tempo junto, e para piorar, Fernanda (que não era uma moça muito atraente) não conseguia arranjar um namorado, sentindo-se cada vez mais deslocada e sozinha. Apesar disso, sempre tentavam manter a amizade que juraram desde menininhas, quando uma batizou a outra com talco como sendo "melhor amiga para sempre". Em um final de semana, Marquinho foi viajar junto com seu pai, que estava começando a interessar o filho nos negócios da família. Era a chance de Joana e Fernanda passarem um bom tempo juntos e colocarem a fofoca em dia. Combinaram então de passear no Shopping Center e comprar algumas roupas. Tudo ia bem até que Fernanda perguntou:
- Jô, você gosta mesmo do Marquinhos?
- Como assim, Fer?
- É que às vezes acho estranho, você sendo a garota mais cobiçada da facul, ficar com alguém que, convenhamos, não é nenhum galã.
- Fer, deixa eu te falar uma coisa, isso não tem muita importância.
- E o que tem importância para você?
- Importa é que com esse cara eu não me preocupo com nada, entende? Futuro certo...
- Só porque o pai dele é muito rico??
- E porque ele é o único herdeiro também.

Fernanda não queria acreditar, mas sabia que era verdade. Dinheiro era o que importava. A gente é o que a gente tem...

Tempo passou e, certo dia, Fernanda estava felicíssima. Mal podia esperar para contar a novidade. Pegou seu celular sem câmera e mandou uma mensagem para Joana: "migaaa, fikei com u Roberto, sabe? manha ti contuuu x=D~".
Joana não sabia quem era Roberto, mas mesmo assim ficou muito feliz pela amiga, sempre achava que sua amiga não poderia ficar com alguém muito popular, mas qualquer um que a conhecesse realmente ficava encantado com sua inteligência e simpatia. "Tomara que seja um bom partido" - pensava Joana. No dia seguinte, encontraram-se as duas. Fernanda dava pulos, e contava em detalhes como tinha sido o passeio no Chevette 87 e o cineminha logo em seguida. Sua amiga estava perplexa com a "simplicidade" do rapaz. Um pé-rapado?? Joana arriscou perder a amiga, mas falou:
- Mas Fer, esse cara é um duro!
- Isso não importa muito Jô...
- E o que importa para você então?
- Ele é muito inteligente, vai se dar bem um dia.
- Você que sabe minha amiga, mas eu que não vou esperar "um dia" chegar, andando com um pé-rapado. O Marquinhos acabou de marcar um cruzeiro de luxo comigo, é nessa que eu vou, fui!

"Interesseira" - pensou Fernanda.

Os namoros então seguiram. Um de Audi, outro de Chevette. E quase sem perceber, Joana e Fernanda se desligaram uma da outra, seguindo suas vidas, carreiras e respectivos casamentos.
Por um desses acasos e encontros inesperados que surgem nas nossas vidas, as duas amigas se reencontram anos depois. Muito papo e muita fofoca, e quais são as novidades?
- Então quer dizer que você casou com o Marquinhos, o rapaz muito rico?
- Sim, casamos, mas...
- Mas o que?
- As coisas não foram muito bem, depois da morte do pai do Marquinhos, ele como único herdeiro, teve que assumir os negócios, mas definitivamente não nasceu pra isso. Conduziu mal as empresas e ainda por cima aquele cachorro fazia a maior farra em "viagens de negócios". Resumindo, acabou com a fortuna da família!
- Não acredito! E agora?
- Agora eu sou uma mulher divorciada, querida! Com um pé-rapado que eu não fico, não.
- Inacreditável...
- Pois é. E você, casou com o Roberto, aquele rapaz inteligente que tinha um chevette?
- Casei!! Estamos juntos até hoje, Roberto se deu muito bem na vida, é um renomado engenheiro e ótimo marido, estamos muito felizes juntos!
- Que bom pra você!

Conversaram mais um pouco. Conversa de mulher, sabe? O suficiente para não ter que conversar tão cedo. A vida dá muitas voltas, e no fundo todos sabiam que Fernanda havia arranjado o "cara certo", se é que isso existe.

Essa história deveria ter uma moral no final. Mas é uma moral tão manjada que eu nem me animo a escrever aqui. Espero que vocês leitores e leitoras não se iludam com as aparências, escolham a pessoa certa, e que não me considerem muito gay por dedicar tempo a isso. Agora sigam com sua rotina seja ela qual for e para fechar deixo-lhes uma pérola do carnaval de Salvador, uma marchinha que diz assim:

"Chego de viagem cansado querendo te ver/ Você me fala: Safado, não quero nada com você!/Escute com carinho o que eu te digo meu bem/ Enquanto eu estava fora não fui de ninguém/ Não fui de... não/ Não fui de ninguém/ Não fui de ninguém/ Não fui de ninguém/ Não fui de ninguém..."

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Minha vida é um Orkut aberto

É incrível a gente observar a maneira como as pessoas se expõem na internet. Não necessariamente no Orkut, que é onde mais se nota isso, mas cada vez mais sujeitos criam blogs para falar de suas vidas vazias e ocupar espaço nos servidores. Algumas vezes encontro biografias inteiras, fotos, detalhes da briga que alguém teve no jardim de infância porque roubaram sua merenda. Pessoalmente, eu acho isso muito bom. É ótimo, pra falar a verdade. Antigamente, quando não existia internet (sim, houve uma época assim, tipo, quase toda a história da humanidade), descobrir algo sobre uma pessoa exigia um bocado de trabalho. Hoje em dia é muito fácil. A informação provém da própria fonte, direto na rede, fazendo a alegria dos futriqueiros de plantão e dos nerds que não tem coragem de chegar em uma guria. Todo mundo sai feliz, inclusive eu, que não tenho nada a ver com isso, mas que coloquei um raio-x da minha pessoa no Orkut. É fascinante isso, sinto-me parte da sociedade novamente. Resisti muito à idéia de criar um perfil, mas quando resolvi fazê-lo, descobri um novo mundo em minha frente. Percebi então como eu estava desgarrado do sistema, era como um rebelde virtual, contrariando as leis universalmente obrigatórias de "maria-vai-com-as-outras". Enfim, renasci.

E um belo dia, deparei-me com as comunidades do Orkut. Quem pode resistir a algo como "Eu nasci no dia do meu niver"? Ou então a fascinante comunidade "Eu tomo banho pelado" e também não poderia deixar de citar a mais atrativa de todas: "Eu durmo de olhos fechados".
Novamente, expandi meus horizontes, rompi barreiras, superei o limite, senti-me como o Rocky após subir as escadarias correndo e comemorar como se estivesse no topo do mundo. "Como foi que passei tanto tempo sem isso?" - pensava eu. Até mesmo a Armelinda Pegadora tive o (des) prazer de conhecer. Por inúmeras noites, sonhava com esse universo que se abria, eu tinha que explorá-lo.

Algumas pessoas até dizem que o Orkut serve para estudo, pesquisa ou para debates interessantes. Espero um dia encontrar isso tudo, mas enquanto isso vou me divertir com a nova comunidade que estou participando: "Chuta que é MACUMBA!"

E o mundo real fica cada vez mais sem graça...

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

O mundo é dos homens! Infelizmente...

Sei que eu posso perder muitas amizades mas eu tinha que escrever isso, eu simplesmente tinha. Diante da minha vasta experiência dos quase 21 anos de vida muito bem aproveitados, fui chegando a certas conclusões sobre o sistema, e poderia até dizer, do mundo. Então, assistindo ao Jornal Nacional e à RBS local, decidi que o mundo é um pedaço de fezes. Achei melhor parar de assistir à RBS. Mas a idéia de que o nosso mísero planetinha tá indo de mal pra pior persistiu. Mas de quem será a culpa? Deus? - Não, não, Ele é muito bonzinho pra ser o culpado. O Diabo então? - Acho que este não teria competência suficiente pra ser o causador dessa bagunça. Pensando um pouco, chega-se fácil a uma resposta tão óbvia, estava na minha cara, estava logo ali a chave da minha questão, gritando pra mim e abanando os braços: o culpado é o homem! E ao falar "homem" não me refiro à humanidade em geral. Refiro-me aos homens mesmo! Isso aí, você que está ajeitando a cueca nesse exato momento. Você que arrotou em alto e bom som e assustou o cachorro. Você que está baixando pornografia na internet enquanto lê esse texto.
Historicamente, o homem masculino sempre esteve liderando os acontecimentos, deixando a mulher para segundo plano. Eles decidiram que guerras aconteceriam, decidiram que colônias fossem exploradas até o que não tinham, que raças fossem dizimadas, pessoas seriam escravizadas e tantas outras atrocidades provindas da mente pútrida do homem. Enquanto isso, as mulheres não passavam de objetos, para diversos fins que nem preciso citar. Agora, contemporaneamente, dê uma olhada nos movimentos feministas. Nunca foram levados a sério. Direitos humanos estão sendo totalmente ignorados em países do Oriente Médio, e Ásia (aos quais eu chamo de "Reduto dos depravados ortodoxos") ao ponto de que uma mulher recentemente levantou-se e bradou sua revolta, chamando a atenção do mundo. Ela viajou por diversos países, e encontrou vários líderes de estado e pessoas importantes. Mas, uma pergunta, quem são esses líderes de estado? HOMENS! Outra vez eles, posando politicamente como se se importassem com alguma coisa que acontece com o clitóris de um povo escondido sob pesada vestimenta. Acha que algo vai mudar? Eu aposto um Chokito que não. Pobres mulheres, sendo mutiladas, em outros países sendo submetidas à humilhação pública, estupros coletivos, e tendo que se curvar às vontades dos homens.
Agora vou dizer o porque de tudo isso acontecer. Porque o homem estragou o mundo. É muito simples. Tudo por causa de PRAZER. Sim, prazer, geralmente obtido com mulheres, de preferência muitas, todas que puder. Vencendo guerras se tornariam ricos, e poderiam ter um harém. Removendo o clitóris das mulheres ficará seguro de que sua mulher não sentirá desejo de ter relações com outro homem (que por sinal, só pode ser coisa de broxa que não se garante). Enfim, tudo acontece girando em torno desse desejo primitivo do homem. Mas eu ainda sonho com um mundo comandando por mulheres... imaginem só, cúpula dos países mais importantes, mulheres sérias discutindo soluções para relações exteriores. Mulheres presidentes, governantes de todos os setores, enfim, um mundo com o homem em segundo plano. Como seria nosso mundo hoje se tivesse sido assim todo o sempre? Acho que ninguém pode dizer ao certo, mas uma coisa eu deixo aqui a todos vocês: "A melhor porção do homem, é a mulher que o acompanha".
E mexam esses traseiros gordos e mandem flores pras suas mães e namoradas. Ah se não fossem essas mulheres...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Considerações iniciais

É incrível o que a ociosidade somada a uma mente cheia de fertilizante é capaz de fazer. Olhe só, criei um blog! É verdade, um blog, com título e tudo. Não espere ler coisas do tipo "querido diário" ou então "hoje eu fui à quitanda... bla bla", até porque eu nunca fui à quitanda. Mas o fato é de que o universo do Blog estava muito pra baixo e eu resolvi levantar as coisas. Isso mesmo, sou o Viagra da sua leitura virtual diária. Mas com certeza não escreverei todos os dias, então, isso vai dar chance a você, leitor, de decorar e gravar na sua mente todas as minhas publicações! Maravilha, não? Concordo. Também gostaria de pedir que as pessoas com opinião fraca, falta de personalidade e outros traços típicos de seres fúteis, não leiam com muita frequência esta página, eu detestaria ser o causador do aumento de casos de suicídio pelo Brasil afora. Até a primeira publicação séria.