terça-feira, janeiro 12, 2010

Pequenas Merdas da Vida

Tem coisas que só acontecem comigo, definitivamente. Um dia desses, no escritório, o diretor me chama ao seu gabinete para tratar de um assunto de certa urgência. Sabendo do que se tratava, apressei-me em direção à sua sala, e ao passar pela porta da sala de espera consegui a proeza de bater com força o antebraço na maçaneta. Mais precisamente aquela partezinha mole do antebraço (que já anda deveras flácido ultimamente), bem na ponta da maçaneta em formato de alavanca. Elegantemente, segurei o impulso de gritar “filho da #%&*, que dor!!”, com um discreto torcer de lábios, juntamente com 53 músculos faciais, e fiquei disfarçando a dor agonizante de um “tostão” no antebraço durante todo o tempo em que conversava com o chefe, mal prestando atenção no que ele dizia, enquanto massageava a área impactada lenta e disfarçadamente debaixo da mesa.

Mais legal foi o que me aconteceu no dia 24 de dezembro: Véspera de natal, todo aquele clima prévio à ceia, todo mundo vestido pra morrer, e lá fui eu viajar 34 km para buscar minha namorada em uma cidade vizinha. A noite estava muito boa, até que, absolutamente do nada, uma pancada de chuva torrencial desabou sobre o meu pobre Gol. No caminho de volta à minha cidade, já acompanhado da minha cara-metade, tive a felicidade de acertar um buraco na estrada que detonou com um pneu meio careca, e me fez protagonizar a cena de trocar o pneu, todo bem-vestido, e atrasado pra ceia de natal. Acabei sujando o carro e ficando eu também sujo e suado, maravilha! Pelo menos já não chovia mais, embora o mormaço causado pela chuva levantasse do asfalto, me dando a sensação de estar em uma sauna. Uma beleza.

Pra terminar as pequenas merdas da vida, passei o dia no trabalho sem internet, devido a um raio que queimou o servidor. Sem ter acesso a rede mundial dos computadores, não podia fazer muita coisa, senão tentar me distrair. Pensei então em olhar o conteúdo do meu HD externo que sempre trago comigo, recheado de coisas interessantes, e aí percebi que exatamente neste dia eu havia me esquecido de trazê-lo comigo. Podia ter acontecido em qualquer dia. Aconteceu justamente no dia em que eu precisava.

Isso tudo sem falar na virada do ano, quando eu comi demais e bebi demais, e quase não consegui dormir sentindo pontadas e ameaças de ataques fulminantes. Belo começo de ano.

Ultimamente eu tenho percebido que existe uma lei mais certa do que a Lei da Gravidade: a Lei de Murphy. Se eu pego o desgraçado que inventou isso...

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Vini E As Botas


Vou contar uma pequena história de uma pessoa que eu conheço. Geralmente não nos damos conta, mas pessoas ordinárias podem, sem perceber, protagonizar histórias simples e ao mesmo tempo extraordinárias. Essa eu acho bem bacana, e compartilho com vocês, leitorinhos:

O Vini é uma figura peculiar, um cara que ficou meu amigo no colégio e que, mesmo depois de algum tempo sem contato, parecia que havíamos recém conversado quando o reencontrei, de surpresa, na empresa onde eu aguardava por uma entrevista de emprego. Nem sabia que ele trabalhava lá, e foi bacana saber que poderíamos ser colegas novamente.

Felizmente, consegui o emprego, e foi então que fiquei sabendo da história do Vini dentro da empresa. Quando ele foi entrevistado disseram-lhe que não havia vagas no escritório, e que ele só poderia trabalhar se fosse “pegando no pesado”, ao que ele respondeu que apenas queria trabalhar, não importasse como, nem que tivesse que “quebrar pedra sob o sol”. Com essa atitude, obviamente foi admitido, e trabalhando pesado ele foi durante meses.

Devido ao local de trabalho ser uma obra, todos os colaboradores deviam usar EPI (equipamento de proteção individual), que consiste basicamente em capacete, óculos, protetor auricular e... um par de botas. Um belo par de pesadas botas desconfortáveis, as quais Vini engraxava e lustrava cuidadosamente todos os dias. Por conta de seu cuidado e atenção para com as botas, virou motivo de troça entre seus colegas, que diziam entre risadas em tom jocoso: “acha que está trabalhando no escritório é?”, ao que Vini respondia: “quem sabe um dia...”

Ele não levava as piadas a sério, e seguia com seu costume de ficar sempre bem apresentável, mesmo trabalhando em ambiente inóspito.

O interessante dessa história é que, graças à sua competência e vontade de trabalhar, passado algum tempo Vini conseguiu um emprego no escritório, que a princípio era apenas temporário, mas que acabou efetivando-se definitivo. E ele continua lustrando suas botas...


NUNCA DEIXE DE “LUSTRAR SUAS BOTAS”!!