segunda-feira, março 29, 2010

Eu quero uma casa no campo...


Eu, Caio Verídico, sou natural de Porto Alegre. Vivi metade da minha vida na capital, metade no interior. Tenho vivido no interior há vários anos, mas sempre gostei da cidade grande e de tudo que ela oferece. Bem, o que eu quero fazer aqui é uma comparação básica, bastante pessoal, entre esses dois mundos.

Recentemente, passei quase dois meses em POA, em um apartamento, dormindo mal devido ao barulho dos carros, ao som da casa noturna de quinta categoria que ficava no térreo, e tendo que agüentar vizinhos. Nada mais chato que um vizinho em um condomínio. As pessoas são chatas por natureza. Não me interessam elas, as pessoas. Mas eu era diariamente obrigado a ouvir as agruras de um casal que brigava todos os dias pelo mesmo motivo: falta de dinheiro. Obviamente, nenhum dos dois deve ter estudado muito na vida, e passavam a maior parte do tempo ou fumando (capítulo à parte) ou brigando, ou assistindo ao BBB. O problema é que ficava difícil de EU estudar tendo que ouvir tudo aquilo, quando não era a rádio Atlântida e suas playlists irritantes de novidades medíocres bombando no aparelho de som Britania daquele vizinho chato.

Na capital tive que enfrentar mais um problema: fumantes. Eu odeio fumantes. Todos eles. Para mim, uma pessoa que fuma é automaticamente um ser inferior, um coitado, alguém que necessita de uma muleta psicológica fedorenta para suprir a falta de auto-estima ou imagem própria de si mesmo perante a sociedade. Enfim, alguém de baixo Q.I. Mas, para meu azar, eles estão por todos os lugares da capital, e é impossível andar pelas ruas sem aspirar umas quantas nuvens de fumaça fétida lançada por esses infelizes.

Outra coisa que me revolta na Capital é a atitude de muitas pessoas quando se referem ao interior do Estado. Para muitas delas (eu diria que a maioria delas), as pessoas que vivem no interior são inferiores, pouco instruídas e de pouca cultura, não raro se tornando motivo de chacota por parte de porto-alegrenses arrogantes e ignorantes. Eu odeio isso. Mas é até legal saber que os seres superiores que moram na Capital pensam isso, depois que a maioria das vagas das faculdades que lá se encontram são preenchidas por pessoas do interior que detonam no vestibular.

Enfim, retornei ao lar. Nunca pensei que eu fosse gostar tanto do interior. Andar tranquilamente nas ruas, sem medo de ser assaltado ou de ter as narinas invadidas por nicotina. Poder admirar a limpeza das ruas, a cordialidade das pessoas, e o sentimento único de que você não é apenas “mais um na multidão”. Você é conhecido, reconhecido. As pessoas sabem que formação você tem, e valorizam o que você faz, pois é algo visível a todos da sociedade. E o melhor de tudo: não ter vizinho de cima, nem de baixo, e os dos lados estão confortavelmente afastados o suficiente para me deixar viver e estudar em paz.

Paz.

Por isso, cidadãos arrogantes da Capital, eu tenho pena de vocês. É bom ter shopping Center? É. É bom ter cinema com novidades, shows e outras facilidades da cidade grande? Com certeza. Só que isso tudo eu posso ter nas férias, de preferência quando vocês estão na praia, emporcalhando as areias, e deixando a minha cidade natal com um jeito um pouco mais de interior.

Agora vou dormir, bem sossegado, sabendo que não enfrentarei filas quilométricas, nem sinais de trânsito, nem passagens caras de ônibus.

O interior é o paraíso!