segunda-feira, julho 16, 2012

O Homem Simples



O homem é um ser muito simples por natureza, ao contrário da mulher. Mesmo assim ele consegue ser incompreendido, julgado e injustiçado por esses seres curvilíneos do alto de seus saltos agulhas. Ele age pelo instinto, e simplesmente gosta de se sentir em paz e ficar tranqüilo com suas paixões. Talvez isso aconteça porque para a mulher é impossível aceitar que alguém seja tão menos complicado do que elas, e tão fiel às suas paixões.

Paixão para o homem é coisa séria. Amores vem e vão, mas elas, as paixões, ah, essas ficam, e só aumentam. Por isso, toda vez que uma mulher se coloca entre o homem e suas paixões, pode ter certeza que algo vai dar muito errado. O homem nunca deixa de amar seu clube de futebol, seus hobbies, sua música, seus brinquedos e sua mãe. São coisas pétreas, coisas que fazem bem a ele e que precisam dele tanto quanto ele precisa delas.

Já conheceu um homem feliz? Ou ele é solteiro, ou tem uma mulher que não se opõe às suas paixões, e que acaba se tornando uma delas. Esse é o segredo do equilíbrio do universo. Somos simples, assim.

sábado, junho 09, 2012

A Rifa da Misericórdia


Sentou-se em frente à minha mesa no local onde trabalho uma curiosa figura. Era uma senhora de longos cabelos grisalhos, muito mal cuidados e desleixados, tinha a face enrugada e mais bigode que o vocalista da minha banda de rock aqui de Cerro Largo. Ela usava uma saia comprida e tinha em suas mãos uma folha, a qual apresentou diante de mim dizendo ser uma rifa, e pediu que eu comprasse um número.

A primeira coisa que eu fiz, lógico, foi ver o preço do número. Era cinco reais, caríssimo pra uma rifa. Olhei os prêmios, que eram só porcarias. Só então resolvi perguntar qual era a finalidade da rifa, sendo a resposta da senhora um perfeito deal-breaker para mim: "é pra ajudar com a nossa igreja na comunidade tal  e tal". Ela falou o nome do lugar, mas eu não lembro, pois no momento em que ela falou "igreja" eu já ignorei todo o resto e respondi: "minha senhora, não posso comprar sua rifa porque sou ateu e não apóio nenhum tipo de igreja".  Ao falar isso, aquela mulher, que me lembrava muito a personagem dos Simpsons da velha louca que criava centenas de gatos, arregalou os olhos como se estivesse diante do próprio capiroto, e perguntou, incrédula:

- Como assim? Mas tem que acreditar em alguma coisa!
- Pois eu acredito, senhora. Acredito que deus não existe.
- Mas e para onde tu quer ir depois que morrer?
- Eu não quero ir a lugar nenhum, pode me enterrar em qualquer lugar mesmo, ou cremar, o que der menos trabalho.
- (arregalando ainda mais os olhos) Que deus tenha misericórdia da tua alma!

E enquanto ela falava isso eu já estava indo buscar mais folhas pra impressora.

Incrível cada tipinho que aparece. Em primeiro lugar, eu duvido fortemente que esse dinheiro da rifa seja usado para o fim que ela alega ter. E em segundo lugar, não sou obrigado a acreditar em uma divindade. Nem quero entrar no mérito da questão se existe ou não existe, que é uma discussão sem fim e desnecessária por se tratar de algo muito pessoal. É uma opinião de cada um, e simplesmente cheguei à essa conclusão depois de vários anos e experiências que me levaram a pensar assim. O que me incomoda é a falta de respeito das pessoas para com a crença alheia. Infelizmente, isso sempre foi assim e sempre será. Muçulmanos que não respeitam cristãos e vice-versa, por exemplo. Até dentro do Cristianismo existe isso, entre católicos e evangélicos e tantos outros. Enfim, mais uma demonstração da babaquice e pequenez humana.

Será que um dia poderemos simplesmente viver nossas vidas, respeitando e sendo respeitados pelos nossos semelhantes?

terça-feira, junho 05, 2012

Orgulho



            Quantas vezes você já viu aquela frase "orgulho de ser...", seguida de algo como: gaúcho / nordestino / brasileiro / branco / preto / japa / gay / hétero / anão ... e mais um milhão de coisas imbecis desse tipo? Pois eu vejo isso o tempo todo, na internet, em adesivos de carro, frases de pára-choque de caminhão, em camisetas, ou simplesmente ouvindo uma conversa informal. Pois bem, toda vez que eu vejo esse slogan na verdade eu leio "orgulho de ser BABACA".

Façamos uma experiência simples. Digitar no Google o início dessa frase para ver as sugestões. Aqui está o que surgiu em minha tela:

Curiosamente, me encaixo nas quatro sugestões de pesquisa. Deve ser a sabedoria do Google que direciona os resultados de acordo com o usuário. Mas chamo a atenção para o seguinte: gaúcho, hétero, colorado e brasileiro. Quantas dessas coisas eu pude escolher ser? Vejamos:

  • Gaúcho: nasci no estado do Rio Grande do Sul, sendo, portanto, um gaúcho. Não pude escolher isso.
  • Hétero: há quem diga que a pessoa nasce com determinada sexualidade. Outros dizem que é influência do meio. Penso que em qualquer situação dificilmente alguém escolhe se quer ser gay ou hétero ou outros. Simplesmente é. Sem escolha.
  • Colorado: eu não pude escolher, estava no sangue, para minha sorte. Mas há quem escolha para qual time vai torcer. E embora eu chame esses torcedores de "modinha", eles existem e geralmente são bem orgulhosos.
  • Brasileiro: não pude escolher. Nasci aqui.

O que quero dizer é que na maioria das vezes as pessoas são orgulhosas de algo que elas não escolheram ser. E é aí que mora a babaquice.

De acordo com o maior responsável pelo desenvolvimento das monografias brasileiras, o site da Wikipédia, o conceito de orgulho é: "... um sentimento de satisfação pela capacidade ou realização ou um sentimento elevado de dignidade pessoal". Ao meu ver, isso significa que só faz sentido expressarmos orgulho por algo que conquistamos, por que lutamos. Afinal, que orgulho eu posso ter do simples fato de ser gaúcho? Nenhum! Por que alguém que nasceu no estado do RS tem que se sentir mais orgulhoso do que alguém que nasceu fora dele? Não faz diferença nenhuma! É como ter orgulho de ser de alguma raça. Você simplesmente nasceu assim. Não é algo que você conquistou. Orgulhar-se disso é demonstrar ser uma pessoa que não tem conteúdo adquirido, sem algo interessante para oferecer.

Tenho orgulho de algumas coisas. Todas elas foram conquistas minhas. Tenho orgulho de ser pós-graduado, de ser concursado do Banrisul (empresa que está no 106º lugar no ranking das 500 melhores do país), de ter meu carro, meu apartamento, ser professor de inglês e tocar em duas bandas. Pode não ser nada perto de muita gente que conheço, quero deixar claro que não estou querendo me vangloriar, quem me conhece sabe que não é de meu feitio. Mas são coisas pelas quais lutei, não simplesmente nasci com elas. Posso me orgulhar delas se eu quiser.

Portanto, se você me disser que tem orgulho de ter sua profissão eu vou achar isso bem legal. Mas se for para se vangloriar de algo pelo qual você não fez nenhum esforço para ser ou ter, então é melhor ficar calado, pois tudo que ouvirei será "orgulho de ser um baita de um babaca".

domingo, maio 27, 2012

Estes meus cabelos brancos



Essa semana olhei-me no espelho e encontrei um fio de cabelo branco. Estava ali, destacando-se entre os fios escuros de minha costeleta (palavra horrível) direita. Fiquei virando a cabeça de um lado para o outro, na esperança de que fosse apenas o reflexo da luz fluorescente que de alguma forma estivesse me dando a impressão de ter um cabelo branco. Mas não adiantou. Até com a luz apagada ele ainda estava lá. Foi a primeira vez que encontrei um fio tão esbranquiçado. Já havia achado um levemente claro um tempo atrás, por acaso, que mais parecia um fio defeituoso, uma exceção à regra do meu escalpo, e nem dei bola. Mas este era diferente. Este berrava entre os demais, e não tive escolha senão arrancá-lo sem piedade.

Após tê-lo arrancado, nos encaramos. Olhei para aquele indivíduo grisalho, o acusador das areias do tempo, e refleti por um momento (já que estava em frente ao espelho). Pra falar a verdade, não achei tão ruim assim. Ele era apenas um, sendo que vários amigos meus de igual ou menor idade já tinham vários desses nas laterais de suas cabeças. E quantos conhecidos nem cabelo mais possuíam? Ora, é melhor ter alguns fiozinhos brancos do que nenhum, pensei.

E aí fui mais  adiante. Pensei em quantos mais viriam nos próximos dias, meses ou anos. Isso tendo a certeza de que teria mais dias, meses ou anos para envelhecer. Trabalhando em banco constantemente ouvimos sobre a morte das pessoas, clientes ou não. E comecei a me dar conta de quantos jovens já haviam morrido nos últimos anos aqui na região, a maioria em acidentes de carro. Sequer chegaram a ter um fio de cabelo branco, o que é muito triste. Pensando nisso tudo, olhei para aquele fio grisalho e sorri. As pessoas em geral tem medo de envelhecer e adquirir rugas, perder cabelo ou disposição física. Esquecem que a alternativa disso é muito pior.

Por isso peço que meus amigos cuidem-se sempre. Para que tenhamos muitas histórias para contar e relembrar, quando tivermos apenas cabelos brancos.

Atirei o fio branco solitário na pia e liguei a torneira. Pois que venham outros, serão muito bem-vindos.

Respeitem estes meus cabelos brancos, vai que um dia ficam iguais aos do George Clooney.

terça-feira, maio 08, 2012

A Vaquinha Preta

Como já diria o pessoal do meu seriado favorito, How I Met Your Mother, todo mundo tem alguma falha básica de conhecimento. Algo que a maioria das pessoas conhece, mas que por alguma razão não esteve presente em nossa educação, e acabamos nos tornando adultos sem dominar algo específico, como usar uma chave de fenda (Barney) ou ter péssima pontaria (Lily) ou pronunciar algumas palavras de maneira errada (Ted). Mas esse tipo de coisa acontece, afinal, não somos obrigados a aprender tudo e não temos como absorver tudo que nos ensinam nem entrar em contato com certas coisas. Pois uma de minhas falhas de aprendizado era não saber quantas tetas tinha uma vaca. Eis a história.

Fui perguntado se eu sabia quantas tetas tinha uma vaca. Eu, como bom porto-alegrense-guri-de-apartamento que sou, vasculhei as gavetas do meu cérebro em busca de uma resposta no campo da Biologia. Não encontrei. Como sou muito musical, passei para esta área, onde o meu Google cerebral apontou como resultado da pesquisa o seguinte trecho de uma conhecida canção:

"Nós temos lá em casa uma vaquinha preta 
 Fora de série, tem cinco tetas! "

Barbada! A resposta, segundo a canção, só pode ser cinco tetas, pensei. E não apenas pensei, falei a resposta convicto como quem estivesse realmente dominando o assunto. O que ouvi a seguir foi uma gargalhada histérica e, obviamente, a minha merecida achincalhação:

- São quatro tetas! Nunca viu uma vaca na vida? (risos)
- Quatro? Mas a música diz que a vaquinha preta tem cinco tetas!
- Mas são quatro!
- Ah tá, então deve ser por isso que a música diz que ela é fora de série...

O correto seria quatro tetas. QUATRO TETAS! Um bicho daquele tamanho, com uma canção tão famosa, tinha apenas quatro tetas? Realmente, não sabia, mas aprendi. E corrigi essa falha.  E não apenas corrigi essa falha, mas contei esta história ao AUTOR da canção "Vaquinha Preta", pessoalmente.

A canção Vaquinha Preta foi composta pelo grande Bruno Neher, um dos Três Xirus, o qual tive o prazer de conhecer em uma feira expositora. O Sr. Neher, figura extremamente simpática e atenciosa, ficou feliz em ouvir meu causo, e comentou, entre risos: "é uma boa história, obrigado por me contar". E tenho foto pra provar, olhem como ele está feliz:


E a gente vai vivendo e descobrindo essas pequenas falhas de conhecimento, que podem se transformar em postagens de blog ou em uma historinha engraçada de contar.

terça-feira, abril 10, 2012

Situação hipotética

Daquela moça frenética
Faz de tudo pela estética
PhotoShop na anti-ética
Chega a ser patética
Eis a beleza cibernética