terça-feira, junho 10, 2014

Não Faça Cerimônia


Há certas coisas que não fazem sentido. Fizeram, talvez, um dia. Mas parando para pensar em certas tradições jurássicas que as pessoas insistem em manter hoje em dia, simplesmente estas me parecem ser no mínimo questionáveis quanto à sua necessidade. Dou-lhes alguns exemplos:

- Festa de casamento: alguém certa feita achou que seria uma boa ideia fazer uma gigantesca cerimônia celebrando a união matrimonial de duas pessoas, em uma época que ostentar a riqueza, e principalmente a união de duas riquezas, era algo muito necessário para afirmar o domínio territorial, feudal, ou laboral na sociedade. Pois bem, hoje em dia, estas tais cerimônias tornaram-se nababescas, com direito a acrobatas cuspidores de fogo, muita gente suando dentro de igrejas durante intermináveis protocolos, loucas para encherem a cara e a pança e para as mulheres poderem comparar roupas. E tudo isso para acabar em um amargurado divórcio senão em dois, cinco anos, no máximo. Não sou contra, mas simplifiquem o negócio, desvinculem de religião o máximo possível, afinal, há tanta diversidade religiosa hoje em dia que se pudéssemos convidar apenas pessoas da nossa crença muita gente ficaria de fora da festa. Celebrem a vida, o amor, e as amizades que ali estão em um ambiente descontraído, de preferência climatizado ou ar livre.
- Formaturas: essas estão cada vez mais insuportáveis. São uma verdadeira maratona de discursos entediantes de docentes, exibição de vídeos e produções estilo Movie Maker de alguma produtora que cobrou os olhos da cara para em algum momento dar pau no telão. Pra piorar, sempre tem um chato de um orador de turma que em algum momento vai tentar ser engraçadinho fazendo piadas internas, a que meia dúzia de alunos constrangidos esboçarão um sorriso, enquanto os convidados não entendem nada. Isso sem falar quando o número de formandos é enorme e eles acham legal repetir o discurso de “confiro grau de blablabla...” para CADA UM dos desgraçados que no dia seguinte passarão de estudantes a desempregados. E novamente, todo mundo só esperando a hora de encher a cara e a pança.
- Festa de debutantes: essa sim, é o cúmulo da inutilidade. Pra que fazer isso? Celebrar que a criatura fez quinze anos só faz sentido se ela estiver passando de fase na vida, ou conquistando algo importante. E o que um ser humano adquire aos 15 anos? Só um monte de espinhas. Novamente, é apenas um costume herdado da era Paleozóica, quando as moças eram "apresentadas à sociedade", para que casassem o mais cedo possível a fim de assegurar a multiplicação da riqueza, e também porque os infelizes podiam contrair uma peste bubônica ou uma tuberculose e morrer aos 20 anos de idade. Nos Estados Unidos e outros países civilizados, quando alguém resolve fazer uma festa parecida, fazem o que se chama Sweet Sixteen, o que me parece muito mais sensato, pois, ao fazer dezesseis anos nestes países, o cidadão pode exercer atos da vida civil que antes não podia, como obter a carteira de habilitação, votar, etc... Aí sim, até vai, mas aos 15 ninguém vira gente. Vai estudar!!
- Eucaristia, crisma e afins: sem comentários. Impor uma religião a uma criatura que mal sabe pensar direito é algo que viola os direitos humanos, sem mais.


Enfim, espero que com o passar do tempo as pessoas percebam como certas coisas simplesmente deixam de fazer sentido, e tornam-se bregas, sem uma real utilidade, sem reverter em algo positivo. Em qualquer das ocasiões que citei, acho muito mais válido gastar o dinheiro e o tempo que elas requerem em fazer uma viagem. Viajar te enriquece muito mais do que afirmar para os outros publicamente que você agora tem que raspar as axilas ou que está procurando emprego.