quarta-feira, junho 27, 2007

A Importância do Gibi

Sempre fui um devorador de gibis quando criança. Minha alegria era ganhar novas edições para poder ler e me divertir com as histórias da Turma da Mônica, do Pato Donald, do Mickey, do Zé Carioca e outros.
Recentemente resgatamos um hábito muito saudável aqui em casa: o de manter uma pilha de gibis no banheiro. É perfeito, uma leitura rápida, engraçada e também nostálgica.

Foi então que comecei a pensar na importância que tiveram esses gibis para a minha formação como pessoa. Até cheguei a me comparar com pessoas que cresceram sem ter esse hábito, e com outras que, como eu, colecionavam caixas de "revistinhas".
Cheguei à conclusão de que fui bastante influenciado, visto que foi um dos primeiros contatos que tive com a leitura, ajudando-me com a ortografia e expressão literária desde cedo. Lembro-me de uma vez, na primeira série, quando uma professora me chamou e perguntou por que eu havia escrito "CRÁS" (ou alguma outra onomatopéia de impacto) quando desenhei a figura de uma cuia caindo ao chão, conforme o exercício havia solicitado. A minha resposta foi com a simplicidade de uma criança: "Porque quando quebra faz som, o chão não é macio". Aindo lembro da cara de impressionada da professora. Obviamente, fiz isso inspirado pelos gibis, sempre recheados de palavras onomatopaicas.

Pessoas que não leram muito na infância têm a tendência de adquirir, no futuro, dificuldades para escrever, falta de expressão e interpretação durante leitura em voz alta, pouco gosto pela leitura, e muitos erros de ortografia. Claro que não são todas, já que o hábito da leitura pode começar mais tarde, mas o que quero dizer é que o gibi é uma ótima "porta de entrada" para esse mundo.

Além dessas conclusões que citei, também percebi outra forte característica dos gibis: a tentativa de moldar o caráter humano.

Encontrei este exemplo, de um roteiro da personagem Magali, no qual ela havia pedido a sua mãe para que ela mesma pudesse ir à padaria buscar uns pãezinhos. Porém, no caminho de volta, ela não se contém e acaba comendo todos os pães antes de chegar em casa. Com medo de uma represália, ela inventa uma história dizendo que "um garoto muito feio, esquisito e de camisa verde" havia roubado-lhe as compras:


Clique na imagem para vê-la em tamanho maior.

Neste trecho ela confessa, pois não queria que o tal menino (que na verdade é o Cebolinha, coitado) sofresse as consequências. Vejam a lição que isso ensina: "não mentir para os pais".

Também encontram-se muitas histórias com o objetivo de conscientizar a criança sobre alguma coisa, ou tentando derrubar preconceitos:


Aqui aborda-se o tema do deficiente físico, e a importância da interação deste com outras crianças, ao invés de trancá-lo em casa (como acontecia muito há um tempo). Muito interessante.

"Respeitar a natureza". Esse tema é notado constantemente. Nesta história, Chico Bento planta uma árvore, a qual ele cuida com todo amor e carinho, até ela se tornar adulta e abrigar passarinhos, lagartas que viram borboletas e outras formas de vida. Eis que um dia, ele a encontra assim:



Além da abordagem desses temas, é possível encontrar histórias muito sérias, sendo, na verdade, críticas em formato de quadrinhos, como esta que encontrei:


Veja como é sério o conteúdo dessa história. Penso como sendo uma crítica às oligarquias, que através da nossa história conseguiram "manter a espécie" a custo de muito trabalho escravo, e ainda hoje, com salários baixos. Se alguém interpretar diferente, comenta aí.

Outra coisa que me chama a atenção é a emoção contida em alguns roteiros. Nesta história, Cebolinha espera que seu pai lembre de comprar o patinete que ele tanto queria, através de bilhetes escondidos em vários lugares da casa, do carro, e até no trabalho:


ele vai encontrando bilhetes o tempo todo, e ao final do dia...

Cebolinha se emociona ao ver que seu pai escreveu um único bilhete de volta, dizendo "Eu jamais esqueceria, filho!" Note que simplicidade, carregada de emoção, em uma história que é muito familiar para uma criança que deseja algum brinquedo.

Fazendo essa análise sobre os gibis tive muitas lembranças de uma época repleta de felicidades que foi minha infância. A contribuição positiva dos gibis, juntamente com o incentivo à leitura deles, por parte dos meus pais, ajudaram a formar o caráter da pessoa que vos escreve agora.
Por isso, tenho como certo que farei o mesmo com meus filhos, fazendo assinaturas de gibis o quanto eles quiserem. Por favor, façam o mesmo.

Abraços.

7 comentários:

Unknown disse...

Estou chorando ;~

NightCrawler disse...

Nostálgico, interessante, rico... Ficou muito legal esse teu texto primo!

Altas lembranças, ainda mais que eu peguei emprestado a maioria dessas revistas e lembrava da história.

Muito bom! Parabéns!

Silent_Bob disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Silent_Bob disse...

Quando eu tinha 3 pra quatro anos, achei uma revista do batman no chao. Eu desmassssei ela e fazia a mãe ler pra mim todos os dias (hehe). Dae ela encheu o saco e nao lia mais...
Resumindo, eu aprendi a ler c 4 anos d idade, meio sozinho. Nunca mais parei. Tenho caixas e caixas e caixas d turma da mônica a X-MEN. Aprendi a desenhar. Eu adorava akilo td.
Um dia li q akelas cores sensacionais das hqs mais atuais eram feitas com um tal d 'Photoshop' (...years later, I MASTER IT lol).

Resumindo,
hj eu sou designer gráfico.

=]

Anônimo disse...

Bastian(pequeno)
muito bom esse texto parabén.

RoGeR disse...

cara ler gibi não adiantou nada
tu só escreve merda

ahhhhhh que se apavorou

eu também sou filho dos gibis por assim dizer... vivia com um a tiracolo e até hoje me pego lendo cebolinha e cascão roubando coelhos e dando lições de preservar o meio ambiente, respeitar as pessoas e essas coisas todas aí.
massa
se falamo
take care nigga ;*

Anônimo disse...

Prezado Caioveridico.
Sou dirigente a Ass Cultural da Z Oeste - ACZO e ontem recebi oferta de 5 mil gibis, por órgão do governo federal, podendo chegar a 50 mil unidades. Possuindo biblioteca comunitária, a falta de sede, no entanto, prejudica a leitura. Recorrendo à 9ªCRE, do E Fundamental em C. Grande, RJ, recebi resposta negativa para a entrega nas escolas administradas. Lamentável. Decidido pela operação, parti para o google, encontrando seu blog, achando admirável sua matéria sobre os gibis. Assim, solicito autorização para repassar às diretorias das escolas o texto, por e-mail ou impressão, numa tentativa de êxito, senão em todas, pelo menos em algumas.